As cidades mineiras que se destacam pelo seu artesanato!!!
Adriana Carvalho escreveu para a revista TAM nas Nuvens o artigo Garimpo das Artes, no qual destacou o trabalho de diversos artesãos em cidades de mineiras.
A articulista contou que todos os dias, do amanhecer até o final da tarde, algumas dezenas de artesãos oferecem as suas obras em pedra-sabão na feirinha do largo do Coimbra, em Ouro Preto, no Estado de Minas Gerais. Eles ficam ali, próximos da igreja de São Francisco de Assis, onde o mais conhecido mestre da região deixou alguns dos seus trabalhos executados no século XVIII. Aí pode-se ver os irmãos Fernando Cesar e Julio Cesar Guimarães trabalhando em silêncio na mesma barraca.
É muito interessante acompanhar a maneira como eles vão “bordando” flores, elefantes, motivos geométricos etc. em discos de pedra que se transformam em coloridas mandalas. Eles desenvolveram as ferramentas e a técnica para fazer os desenhos em relevo e colorir a pedra com pigmentos em pó.
A pedra-sabão – cujo nome científico é esteatita – parece estar no DNA de praticamente todos os artesãos de Ouro Preto que fazem com ela panelas e vasos. Em Ouro Preto, até mesmo a cachaça – como a famosa Safra Mineira – é armazenada em pequenos barris de pedra-sabão.
Na cidade mineira de Prados, todos sabem onde fica o ateliê de Marcio Julião, que na realidade é uma oficina modesta e ele um artesão da quinta geração da família que se especializou em trabalhos com esculturas de madeira.
Para fazer uma Pietá de 2 m – uma encomenda de São Paulo –, ele precisou trabalhar das 7 h às 19 h entalhando o cedro, tarefa que ele levou cinco meses para terminar. Entretanto, diversos trabalhos de Marcio Julião foram feitos para atender clientes em outros países como França, México etc. Comentou Marcio Julião: “Mesmo nas grandes esculturas eu trabalho sozinho. Já tentei fazer em equipe, mas aí vira produção em série e não é disso que gosto!!!”
Na cidade de Tiradentes fica o ateliê de cutelaria comandado por Wozdyslack Zacarowyskini, ou simplesmente “Russo”, como todos o chamam, ele que é representante da nona geração no negócio. Apesar de ainda aceitar eventuais encomendas de espadas e sabres, produz, principalmente, facas para o uso culinário profissional. Todas elas levam aço austríaco e possuem certificado de garantia eterna.
Para visitar o ateliê de Wozdyslack Zacarowyskini, que é todo decorado como se fosse uma tradicional casa russa, é necessário marcar hora, e aí o visitante fica sabendo que ele tem clientes espalhados no mundo todo, entretanto, a produção é feita em Tiradentes.
A cidade tem muitos outros artesãos que trabalham com barro, que fazem luminárias, lanternas e arandelas com folhas de latão e vidro ou ainda especialistas em reuso da madeira, que possibilita ter novas mesas, cadeiras, revisteiras etc.
Todos conhecem o distrito de Vitoriano Veloso, que pertence à cidade de Prados, por seu apelido: Bichinho!!! Ele fica também a uns 20 min de carro de Tiradentes. Cada morador tem uma versão do motivo da alcunha do local. Dizem que em tempos antigos houve lá uma procissão e uma porca com seus porquinhos se meteu embaixo do andor, para seguir o dono. E aí as pessoas começaram a gritar para os bichinhos saírem dali…
O fato é que hoje Bichinho é o lugar ideal para quem gosta de artesanato. Suas poucas ruas abrigam uma sucessão de lojinhas com arte de boa qualidade. A mais famosa é a Oficina de Agosto, do artista plástico paulista Antônio Carlos Bech, o Toti. Instalado em Bichinho desde 1991, ele produz aí muitos objetos de decoração – a maioria em madeira – que são vendidos em sua unidade em São Paulo e revendida para outros Estados, além de países como Estados Unidos da América (EUA), França e Alemanha.
Esse vilarejo também abriga a loja do artista plástico Evano José da Silva, um ex-jardineiro que desde os 15 anos pinta painéis em madeira. Seus trabalhos, com motivos barrocos e reprodução de propagandas antigas, são vendidos em vários Estados do País.
E não se pode esquecer de Josias do Santos, que desde criança fazia entalhes nos lápis escolares – o que era repreendido pelo seu professor. Ele chegou a trabalhar como caminhoneiro, mas a partir de 1992, deixou o volante para se dedicar ao artesanato abrindo uma oficina na cidade de Lagoa Dourada, que fica a 30 km de Prados. Desde 2003, Josias dos Santos dedica-se a fazer objetos de decoração com o tema do Divino Espírito Santo. Seus trabalhos são vendidos em quase todos os Estados brasileiros.
Vizinho de Josias fica a oficina de Antônio Sebastião Ferreira, o Toninho Artesão, que se especializou em pássaros, reproduzindo-os em madeira –praticamente todas as espécies que habitam a região.
Contou Toninho Artesão: “Aprendi sozinho a lidar com madeira e agora as peças que elaboro têm compradores não só aqui em Minas Gerais, mas em diversos Estados brasileiros.”
Bem, se você desejar ter peças incríveis do nosso artesanato, aí estão os nomes de algumas cidades mineiras que deve visitar, nas quais se pode hospedar em agradáveis pousadas.
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.