Chappie: um filme que assusta bastante os seres humanos
Neil Blomkamp, diretor sul-africano, foi quem dirigiu o filme Chappie, uma ficção científica insólita e bem preocupante. Nele, conta-se que em um futuro não muito distante, na cidade de Johanesburgo, na África do Sul, o governo encontrou uma maneira de diminuir a criminalidade e aí, no lugar de valer-se para esta luta de um batalhão de policiais de carne e osso, o departamento de polícia incorpora às suas forças robôs programados para agir sob pressão.
Desprovidos de emoções, nem sentimentos e controlados por seres humanos, os androides transformaram-se numa arma bem eficaz para executar o vitorioso combate do Estado contra o submundo do crime.
↘ Porém, o que ocorreria se um desses robôs for programado para pensar e agir por conta própria?
O filme Chappie responde a essa questão… Chappie é o nome do personagem principal, um robô policial que após sofrer severos danos em uma operação é descartado pela empresa que o fabricou. O problema é que Chappie acaba caindo nas mãos de criminosos. O pior é que o engenheiro responsável pela programação dos robôs, Dean Wilson (interpretado pelo ator britânico Dev Patel), tem outros planos para o sentinela robótico e assim instala nele um programa que permite a criação de uma consciência própria ao androide.
A trama se desenvolve em torno de Chappie e mostra todas as fases de seu desenvolvimento – desde o “nascimento”, passando pelo aprendizado básico, até a emancipação.
Um dos pontos centrais em debate na produção é que o ambiente no qual um indivíduo é criado tem influência sobre seu caráter e sua personalidade e como essas características contribuem para a formação de um ser humano.
O próprio diretor e roteirista do filme, Neil Blomkamp, numa entrevista que promovia Chappie, interrogou: “O que é, afinal, a alma? Seria ela definida pela ciência? Ou é algo a mais?”
Foi por isso que no filme Dean Wilson quer que Chappie possa escrever poemas e pintar quadros. Por outro lado, os criminosos que o sequestraram procuram transformá-lo em uma espécie de gangster rapper, com o mesmo linguajar e atitude do bando graças a orientação da ladra que o “adota como filho”, interpretada pela cantora Yolandi Visser, do duo de rap-rave sul-africano Die Autwoord. Desse choque entre linhas “didáticas” surgiu um dos robôs mais característicos da ficção científica recente – inocente, violento, engraçado e existencialista.
O desenvolvimento de Chappie como um ser pensante, autônomo, começa a ser visto com muita preocupação pelos que assistiram à película, pois o robô se transforma numa ameaça para a humanidade, já que o tema de inteligência artificial (IA) divide o elenco e o diretor da produção. O filme impressiona e os espectadores percebem que o computadores estão cada vez mais inteligentes, deixando as pessoas bem confusas sobre quem controla quem!!!
Neil Blomkamp, por seu turno, afirmou: “Eu não sei se o homem tem a capacidade de criar uma forma verdadeira de IA, mas se isso acontecesse, eu não teria medo, porque acho que faz parte da evolução, mesmo que isso significasse o fim da raça humana!?!?”
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.