CINEMA
mesma forma que em
2001 - Uma Odisseia
no Espaço
de Stanley Kubrick, o filme
Inte-
restelar
evolui à medida que adentra o mis-
tério, ou seja, quando envereda por aquele
confim do conhecimento humano em que as
teorias científicas deságuam em questões
metafísicas sobre a origem, o sentido da
presença no universo e o destino de cada
um de nós, como indivíduos, e de todos nós,
como espécie.
Neste ponto, ao lidar com teorias con-
traintuitivas sobre as noções imediatas de
espaço e tempo, Nolan cede às tentações
da
explicação em excesso
.
Elas se dão, em especial, pelas palavras
do protagonista, o astronauta Cooper (Mat-
thew McConaughey), do velho cientista vivi-
do por Michael Caine e da nova cientista, e
filha de Cooper, Murph (Jessica Chastain, na
fase adulta).
Essa opção deixa os diálogos forçados,
porque obviamente se destinam ao público
e precisam garantir a adesão leiga ao inu-
sitado daquilo que está sendo narrado. Há
um momento problemático, em que o filme
quase desaba pela pieguice do ‘só o amor
constrói... etc’.
Por sorte, essa não é sua característica
principal.
Apesar disso, é bastante animador ver que nessa película foram
colocados muitos recursos técnicos e financeiros a serviço da
es-
peculação humana
.
Ainda que exija, em contrapartida, concessões comerciais bas-
tante perceptíveis no tecido da narrativa sob a forma de emoções
baratas, e em especial, diluição das partes mais difíceis do conhe-
cimento humano, pouco assimiláveis ao senso comum.
É no final das contas um belo e inteligente filme. Ainda que bele-
za e inteligência pareçam às vezes um tanto ostentatórias.”
Na abertura, o filme parece um (falso) documentário, com velhos
que dão seu testemunho sobre um tempo em que a vida na Terra
começou a
ficar impossível
.
Tempestades de areia transformaram o pó numa ameaça coti-
diana a destruir os pulmões das pessoas e seca plantações - num
mundo em que ficou cada vez mais difícil alimentar os seus bilhões
de habitantes.
Claro que o documentário rapidamente evolui para uma ficção
no qual o ex-piloto da Nasa, Cooper, quer virar
agricultor
(!?!?) e
acaba engajando-se numa incrível odisseia no espaço.
Sua missão, ele pensa, será descobrir novos planetas capazes
de abrigar a espécie humana, do seu planeta de origem.
Porém, não é bem isso que o cientista Brand (interpretado por
Michael Caine) vai preparar para ele, e Cooper, acompanhado pela
própria filha do cientista (papel de Anne Hathaway) vai fazer desco-
bertas (e escolhas) difíceis.
A primeira delas é deixar na Terra a filha pequena, que vai cres-
cer amargurada, certa de que o pai a abandonou - a ela e à huma-
nidade inteira - para morrer.
Murph nunca vai desistir de encontrar uma solução para o pro-
blema quântico que poderá resolver o drama humano. A forma
como isso ocorre é das mais engenhosas e inclui um labirinto es-
cheriano, uma construção improvável, para não dizer impossível,
em que Cooper, lá pelas tantas, vai poder acompanhar todas as
idades da filha.
Bem, o renomado crítico de cinema Luiz Carlos Merten explicou:
“Como outros que enveredaram em produzir filmes de espaçonaves
nos confins do universo, Christopher Nolan baseou-se na ideia que
para
atingir o impossível, a primeira coisa a fazer é transpor os
limites do possível
.
Aliás, Christopher Nolan exibe claramente isso, pois é um visio-
nário que tem se utilizado dos meios
que o cinemão (Hollywood) lhe permi-
te usufruir para discutir questões das
mais relevantes.
É por isso que ele faz Cooper ir
aos confins do universo, atravessan-
do o buraco negro, para o que, no fun-
do, é a mais íntima das viagens: seu
reencontro com a filha. A chave de
In-
terestelar
é uma frase que Cooper diz
a Murph: ‘Os pais existem para legar
memórias aos filhos.’
Pode ser que, como filme,
Interes-
telar
seja desequilibrado, entretanto
é uma experiência portentosa.
Estética, humana.
Política também, como só Chris-
topher Nolan, o grande, sabe fazer!!!
O
diretor do filme
Interestelar
, Christopher
Nolan, no seu lançamento – ocorrido no
Brasil em novembro de 2014 – o com-
parou com
2001 - Uma Odisseia no Espaço
, o
clássico de Stanley Kubrick cuja influência se
estendeu na saga
Star Wars
e
Gravidade
.
Entretanto, os grandes astros de
Inte-
restelar
são as complexas naves espaciais
que transportam os exploradores do filme,
interpretados por Matthew McConaughey, Anne
Hathaway e David Gyasi, para novas galáxias.
Explicou Christopher Nolan: “Para essa his-
tória foi fundamental construir uma estação
espacial que chamamos de
The
Endurance.
Naturalmente o ponto focal do filme é a nos-
sa Terra, eu e o meu diretor de arte, Nathan
Crowley, passamos meses elaborando os
desenhos iniciais, baseados nas espaçona-
ves existentes.
Contamos para isso com a ajuda da as-
tronauta Marsha Ivins, que explicou diver-
sos aspectos importantes sobre o sistema
de atracação da nave.
Se para alguns as nossas naves não
contêm muito futurismo, mesmo assim foi
possível passar aos que assistiram o filme
uma ideia plena de como é o interior do mó-
dulo, inclusive
o cockpit
e os alojamentos
dos astronautas.
As próprias imagens espantosas de cor-
pos celestes vistas na tela fizeram parte do
set
, ao contrário dos efeitos
chroma key
que
em geral são acrescentados mais tarde.
Mandei construir dois modelos das na-
ves quase de tamanho natural e as levei à
Islândia, na época coberta de neve para fil-
mar as cenas principais do pouso sobre um
planeta gelado.
Foi uma façanha e tanto encher todo o
espaço reservado para a carga de um
747
e
depois depositar uma nave sobre uma gelei-
ra, no meio da água, na Islândia.
Depois mandei trazer as espaçonaves
de volta para o estúdio em Los Angeles e
elas foram instaladas sobre suportes com
uma câmera para conseguir tomadas com-
paráveis às da Nasa.
Acredito que esse grau de detalhes aju-
dou os atores e permitiu maior envolvimen-
to dos espectadores.
Produzir esse filme, para mim, entre ou-
tras coisas, foi a realização de um sonho
de criança, ou seja, construir naves como
estas e poder filmá-las.
Durante toda a minha vida ansiei pela chega-
da desse momento, de poder fazer o que fiz!!!”
O crítico de cinema Luiz Carlos Merten
assim analisou a película de Nolan: “Da
INTERESTELAR
,
UMFILME
COMMUITA AFETAÇÃO!
Uma imagem do filme
Interestelar
.
Christopher Nolan fez um
excelente trabalho em
Interestelar
.
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A
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