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EDITORIAL

U

ma grande ansiedade que atrapalha

muito a vida dos trabalhadores é o de-

safio:

como é que nós humanos con-

seguiremos agregar mais valor nas tarefas

que executamos do que as máquinas?

E os seres humanos têm razão para fica-

rem inquietos, pois coisas estranhas estão

ocorrendo na economia, com o grande de-

semprego dos jovens que não conseguem o

seu primeiro emprego e nas fábricas e nos

escritórios nota-se cada vez mais a tecnolo-

gia fazendo tarefas que antes eram execu-

tadas por pessoas.

O

medo do desemprego

provocado pela

tecnologia é tão antigo como o surgimento

da própria tecnologia.

Mas foi graças as tecnologias que foram

surgindo também novos empregos em ou-

tros campos e ela permitiu elevar espetacu-

larmente os padrões de qualidade de vida

das pessoas como jamais se viu na história

da humanidade.

Entretanto nas duas últimas décadas,

principalmente com o progresso da inte-

ligência artificial (IA) está se ampliando a

possibilidade dos seres humanos serem

substituídos pelas máquinas

em tarefas

como dirigir um automóvel ou um caminhão,

preparar uma comida (ou no mínimo sugerir

uma receita de um novo alimento), executar

uma operação cirúrgica e até fazer a sele-

ção de um candidato a emprego num pro-

cesso de recrutamento.

Então o melhor agora é perguntar: que

atividades os seres humanos, guiados pela

sua natureza ou pelas realidades da vida,

continuarão fazendo, mesmo que os compu-

tadores pudessem executá-las?

No seu livro

Humans are Underrated

(algo como

Seres Humanos Subjugados

)

Geoff Colvin destacou: “Existe ainda uma

grande classe de atividades que demandam

que uma pessoa especifica ou um grupo de

pessoas seja responsável por ela.

É o caso, por exemplo, dos juízes que

tem como função julgar os atos incorretos

ou ilegais e aplica

r as devidas punições.

Da mesma forma deverão continuar

existindo os líderes (autoridades) governa-

mentais, os gestores ou executivos nas em-

presas, os generais nos quadros militares

etc., pois exercem funções que não podem

ser transferidas para os computadores vis-

to que envolvem necessidades sociais que

só os seres humanos terão condições de

entender e tomar para elas as adequadas

decisões.

Além disso, são os seres humanos e

não os computadores que irão resolver mui-

tos problemas devido a razões puramente

práticas, ou seja, porque as máquinas não

poderiam solucioná-los!!!

Isso porque na vida real, e particularmen-

te na vida das organizações, continuamente

se modificam as concepções do que vem

a ser um problema e quais são os nossos

objetivos (metas).

Esses são tópicos, que as pessoas de-

vem solucionar só com os recursos dos

seus cérebros, usando seu senso crítico e

de preferência em grupos de especialistas,

chegando assim a soluções melhores do

que aquelas obtidas individualmente.

Somos seres sociais conectados pelo

nosso passado evolucionário com o que,

queremos manter relacionamentos, os mes-

mos que possibilitaram a nossa sobrevivên-

cia há milhares de anos.

Desejamos trabalhar com as outras pes-

soas na solução de problemas, contar-lhes

estórias e ouvir delas narrativas, para assim

se poder criar novas ideias com elas, pois

se não tivéssemos feito essas coisas nas

savanas 12 mil anos atrás,

teríamos todos

morrido

!!!

E aí sobressai em um fato incontestável:

os grupos mais efetivos são aqueles cujos

integrantes possuem as mais importantes

habilidades humanas: a

empatia

acima de

todas, a sensibilidade social, a capacidade

de contar estórias (

storytelling

), colaboração

e cooperação, solução de problemas em

equipe, construção de relacionamentos.

Os seres humanos desenvolveram essas

habilidades de interação com, outras pes-

soas, não com máquinas, nem com aquelas

que possam expressar alguma opinião ou

emoção!?!?

O que desejamos é seguir líderes huma-

nos, mesmo que um computador no futuro

OS SERES HUMANOS

MENOSPREZADOS

E

SUPERADOS

PELOS COMPUTADORES

possa nos enviar mensagens com textos ou

as palavras certas.

Queremos ouvir um diagnóstico da nos-

sa saúde de um doutor, mesmo que ele

tenha obtido muito das suas informações

de outras máquinas que executaram certos

exames.

Almejamos continuar negociando com

pessoas, ouvindo vozes, vendo seus movi-

mentos e olhando nos seus olhos, particu-

larmente aquelas dos nossos professores.

Concluo, acreditando que os computa-

dores por mais que se desenvolvam

nunca

tornarão os seres humanos irrelevantes!!!

Não acredito no surgimento de um com-

putador que será empático com o outro e

que saiba construir um bom relacionamento

com um outro (nem pensar em ter relações

sexuais).

É por isso que as máquinas serão cada

vez melhores, fazendo o trabalho melhor

que os seres humanos, que por usa vez te-

rão tempo para criar ambientes novos, cada

vez melhores para as suas vidas, tendo

inclusive mais tempo para incrementar as

suas aptidões interpessoais e aproveitar o

seu tempo vago para o entretenimento.”

E aí, se isso acontecer, mais uma vez fi-

cará bem evidente que os setores criativos

são os que terão maior impulso nas próxi-

mas décadas, inclusive onde surgirão os no-

vos empregos para os jovens que atingirem

a idade certa para trabalhar.

O

medo do desemprego

provocado

pela tecnologia é tão antigo como o

surgimento da própria tecnologia.

A revista Fortune, na qual Geoff Calvin escreve, dedicou

uma reportagem de capa ao tema do seu livro.

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A

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