ROGÉRIO CHÉR
Professor, escritor e conferencista.
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Todos observavam sua ação silenciosa.
Dobrou cuidadosamente o bilhete em algu-
mas partes e entregou para o colega ao seu
lado. O papel começou a circular de mão
em mão, até chegar numa moça que estava
na primeira fila. Por alguns instantes, ela
pareceu hesitar. Fitou o resto do grupo, que
pareceria lhe dizer com os olhos: “Vamos!
Estamos com você! Entregue a ele!”.
Ao receber da moça aquele pedaço de
papel, o empolgado diretor faz o seguinte
comentário:
– Opa! Temos uma pergunta. Ótimo! Que-
ro a participação de vocês.
O constrangimento assumiu seu ápice.
Ao ler o bilhete, seu semblante modificou-
-se na hora. Respirou fundo, virou de costas
para erguer o zíper e, claramente constran-
gido, olhou para o grupo e disse, em tom
verdadeiro e vulnerável:
– Muito obrigado, pessoal! Obrigado.
Naquele momento, era possível sentir
um instante de ligação, uma conexão entre
ele e seus liderados. Era, afinal, uma pes-
soa como todos ali, capaz de ficar envergo-
nhado e ainda agradecer pelo
feedback
.
Como observador da situação, testemu-
nhei como é preciso ter coragem para ficar
vulnerável na frente de alguém. Mas, ao
mesmo tempo, como isso é capaz de am-
pliar conexão e confiança. Percebi, sobre-
tudo, que o
feedback
é mais do que uma
boa técnica: é um ato de generosidade, de
profunda empatia. Por mais quanto tempo
deixariam aquele sujeito ali, exposto, sem
consciência do que se passava? Não seria
generoso. Não seria sequer honesto.
Feedback
é para ser praticado sempre.
Não pode existir data e hora marcada para
aconselhar alguém. Pode imaginar aquele
grupo falando com seu diretor sobre o zíper
O
feedback
pode ajudar alguém a:
↘↘
compreender e reavaliar seus
comportamentos;
↘↘
melhorar desempenho;
↘↘
corrigir erros e evitar retrabalho.
O
feedback
pode ser útil para:
↘↘
eliminar “rádio-peão”;
↘↘
reforçar parâmetros que medem e
avaliam desempenho;
↘↘
favorecer reflexão e aprendizagem;
↘↘
ampliar consciência e estimular um
clima de confiança.
Lembre-se:
consciência transforma a realidade!!!
aberto, 20 dias depois do ocorrido?
A prática do
feedback
deve ser adotada
no dia a dia, com todos os que estão ao
nosso redor: líderes, pares, liderados.
O que posso então recomendar a você?
O
feedback
deve ser feito preferencial-
mente de modo individual.
Seja específico e evite generalizações
vagas e difusas.
E não esqueça que: este é um diálo-
go não apenas para falar sobre o que é
negativo, mas também para reforçar apre-
ciativamente o que é bom e funciona bem.
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S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 5