CRIATIVIDADE
T
odos os protagonistas da
economia
criativa (EC)
sofrem muito para galgar
um lugar no estrelato. O fato é que,
inicialmente
, qualquer
trabalho autoral
, ou
seja, aquele vinculado ao conhecimento es-
pecializado ou ao conteúdo, que vai acabar
fazendo a diferença na vida das pessoas,
não atrai as mesmas para investirem ou gas-
tarem com esses profissionais talentosos.
Procuram-se mais profissionais que possam
suprir as necessidades criativas, mas busca-
-se
pagar o menos possível pelo seu traba-
lho
no campo da moda, do
design
, das artes
cênicas etc. Por exemplo, tomemos o caso
do setor de entretenimento no qual, segundo
estimativas, gastou-se próximo de R$ 1,8 bi-
lhão no mercado para a produção de séries
para canais a cabo, com o que, nunca se re-
correu tanto à elaboração de muitos roteiros
pouco relevantes. Os canais à cabo queriam
um certo
conteúdo
, e
rápido
!!!
Aí os roteiristas passaram a acreditar
que seriam realmente valorizados. Pois não
é que no final de 2015, um experimentado
roteirista, com mais de 22 anos de carreira,
com filmes e documentários, foi convidado
para escrever episódios para uma minissérie
e lhe ofereceram R$ 3,5 mil por episódio!?!?
Um disparate, uma grande “cara de pau”
dos idealizadores da minissérie, não é?
Será que é assim que se deve valorizar
o trabalho na EC?
Infelizmente, em diversos casos, à medi-
da que a EC inicia a ganhar corpo, começam
a surgir as “propostas indecentes”, apoia-
dos no raciocínio perverso de desvalorizar
os autores, especialmente aqueles que
elaboram o conteúdo. Para chegar a uma
versão final, um roteirista refaz muitas ve-
zes o texto básico. Se for para um filme, por
exemplo, demora no mínimo um ano nesse
processo. Mas não recebe um tostão (!?!?)
além do que ganha pelo texto original. Não
leva nada pelos DVDs que forem vendidos,
nem pela reprodução em outras mídias que
possam vire a ser criadas.
Pior é o que aconteceu no último semes-
tre de 2015, com a intensificação da crise
econômica no País. Está ocorrendo uma
confusão entre
compartilhar
e se
apropriar
.
Entre colaboração e pirataria.
As organizações, por sua vez, falam so-
bre a importância da melhor qualificação da
sua obra, porém, poucas são as que assu-
mem o ônus por esse aprimoramento. É aí
justamente quando seus profissionais estão
no auge da formação, plenos para oferecer
um conteúdo de qualidade que os diferencia
da concorrência e almejam uma remunera-
ção melhor,
são dispensados
!!! Isso porque
começam a ser considerados caros para
as empresas, que dessa maneira perdem
o que têm de melhor em capital intelectual.
Aí os exonerados têm de arcar com a
sua sobrevivência, mas frequentemente se
transformam em empreendedores criativos
ou consultores bem valorizados nos dife-
rentes setores da EC. E aí, num
atelier
, na
cozinha de um restaurante, num estúdio, no
seu
blog
etc., essas pessoas começam a
surpreender. Isso porque são capazes de fi-
delizar, seduzir e multiplicar sua audiência.
Percebem claramente que o seu emprenho
criativo não é mais encarado como um sa-
bão em pó, o qual deve fazer muita espuma
e ser bem barato!?!?
E por incrível que pareça, começam a
viver bem mais felizes, pois sentem que a
sua imaginação está sendo valorizada ade-
quadamente!!!
COMO ESTABELECER
O VALOR DE UM
TRABALHO CRIATIVO?
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A