EMPREENDEDORISMO
M
eus caros, nem só de donos dos
próprios negócios sobrevive o es-
pírito empreendedor. Ele está pre-
sente na raiz da inventividade humana, no
exercício da livre iniciativa sob qualquer
aspecto, e como não podia deixar de ser,
na atuação profissional em organizações e
empresas de todo tipo.
Esta vitalidade de transformar sonhos e
anseios em realidade e coisas concretas, per-
meia o imaginário idealizado de qualquer cola-
borador que se preze. Não é de outra forma
que se desenvolve uma equipe comprometi-
da, dotada de senso de iniciativa e realização,
tão necessário para encarar a competitivida-
de, cada vez mais forte e complexa.
Contudo, como sempre, entre o sonho e
a realidade existe uma estrada de distância.
O fato é que de nada adianta uma equi-
pe realizadora e corajosa, sem uma cultura
organizacional que invista na mesma apos-
ta. Neste caso, muitas vezes, este desejo
pode não passar de simples retórica - da-
quelas que eventualmente se escutam nos
eventos corporativos e nas festas de con-
fraternização de final de ano ou em outras
comemorações semelhantes.
Transformar colaboradores em empreen-
dedores nos seus campos de atuação den-
tro da empresa, demanda mais do que bons
propósitos e registros em apresentações
corporativas, mas sobretudo exige um clima
corporativo fértil para o desenvolvimento de
uma mentalidade que pode ser fatalmente
massacrada com a falta de alguns cuida-
dos. Uma questão de DNA.
Então, caso seja você um executivo ou co-
laborador, que deseja colocar para fora o seu
empreendedorismo a serviço da organização
onde trabalha e em benefício da sua própria
realização, não se iluda. Algumas característi-
cas corporativas, se não confrontadas e mo-
dificadas, podem sepultar para sempre qual-
quer ambiente digno de um empreendedor.
Vamos lá:
↘↘
1. Liderança disfuncional.
Independente-
mente de uma estrutura vertical com coman-
dos claros, ou matricial com multiplicidade
de coordenação, o que interessa mesmo, é
que líderes, chefes, diretores, encarregados,
supervisores, ou qualquer outra coisa semelhante (o título do car-
go é absolutamente irrelevante) estejam preparados para lidar com
o senso de iniciativa, voluntarismo e autodeterminação típicos das
pessoas empreendedoras - o que significa bom senso, autoconfian-
ça, desprendimento e elevada maturidade profissional;
↘↘
2. Não existe um planejamento claro com objetivos, metas e
ações.
Essa situação fatalmente transformará o ambiente em uma
baderna generalizada, onde a atuação de um colaborador pode se
chocar diretamente com a atuação de outro (e ambos sendo bons
empreendedores) neutralizando o resultado geral. É necessário que
se tenha uma direção clara para ser seguida, possibilitando conver-
gir esforços e energia criadora;
↘↘
3. A dominância da retórica inflamada.
É a insistência dema-
siada nas modinhas de gestão e na manutenção da ditadura do
politicamente correto. O resultado disso é a transformação de um
combustível profissional fortemente realizador em pura encenação.
Preocupados com a própria sobrevivência no emprego, os colabo-
radores imersos neste tipo de cenário tendem a atuar como caixa
de ressonância da “ordem” vigente. Deixam de lado a originalidade,
escondem a criatividade e a iniciativa, e claro, torcem para uma boa
oportunidade surgir para que possam cair fora dali o mais rápido
possível;
↘↘
4. A instabilidade pela instabilidade.
Não se discute aqui a ne-
cessidade de ajustes, adaptações e calibragens recorrentes em
função da competitividade e das inevitáveis batalhas mercadológi-
cas, mas a mudança pela mudança, ou o transformar pelo transfor-
mar, por si só, aca-
bam por gerar uma
rotina cansativa, su-
gadora de energia e
muito chata.
A lista até pode-
ria ser maior, mas
creio que ela ga-
rante um bom ma-
peamento do DNA
contrário ao em-
preendedorismo.
Até o próximo.
O
ANTIEMPREENDEDORISMO
Por Gustavo
Chierighini,
publisher
da
Plataforma Brasil
Editorial emembro
dos conselhos
editoriais da
DVS Editora e da
revista
Criática
.
Algumas características corporativas,
se não confrontadas e modificadas,
podem sepultar para sempre qualquer
ambiente digno de um empreendedor.
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A