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S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 6

ARTES VISUAIS

O

correu algo inédito na Itália ao se no-

mear para o posto de diretor da Ga-

leria Uffizi um estrangeiro, o alemão

Eike Schmidt, um historiador de arte. A gale-

ria Uffizi fica em Florença, sendo o mais po-

pular da Itália, famoso por ter no seu acervo

tesouros magníficos de Botticelli e Rafael,

entre outros.

Ao assumir o cargo em 2015, ele per-

cebeu que tinha muitos problemas para re-

solver, como gerar mais renda e melhorar

a experiência dos visitantes, o que incluía

melhorar o caótico sistema de compra de

ingressos para entrar no mesmo.

Em 2015, a Uffizi, o palácio Pitti e os jar-

dins de Boboli se transformaram em uma

única entidade que foi visitada por cerca

de 3,4 milhões de pessoas, o que resultou

em 17,3 milhões de euros em vendas de

ingressos, tornando, com isso, o museu

mais rentável da Itália. No Brasil não temos

nenhum museu com essa visitação anual e

tão pouco com essa receita. O objetivo de

Schmidt é melhorar o fluxo do museu, fazer

uma boa reforma, agilizar um organograma

de exposições caótico, criar um programa

sério de bolsas de estudo e descobrir for-

mas mais atraentes e inovadoras para expor

do seu acervo as mais de 12 mil pinturas,

3,5 mil esculturas antigas e 180 mil dese-

nhos e gravuras, incluindo trabalhos latino-

-americanos reunidos ao longo dos séculos,

entretanto, raramente mostrados.

Eike Schmidt, que antes estava traba-

lhando no Instituto de Arte de Minneapolis,

no Estado de Minnesota, nos Estados Uni-

dos da América (EUA), foi contratado como

parte da

reforma radical

que deu a vinte ins-

tituições italianas maior autonomia em re-

lação ao Ministério da Cultura, que é quem

as mantêm.

No que foi considerada uma atitude ou-

sada, o ministério permitiu que, pela primei-

ra vez, candidatos internacionais pudessem

ser contratados e assim é que vieram sete

gestores estrangeiros. No caso de Eike Sch-

midt, pesou muito para a sua contratação o fato de ele ser um

estudioso da coleção Médici, que forma a base da Uffizi, e já ter

morado antes em Florença.

A intenção dessa reformulação dos gestores no comando dos

“supermuseus” italianos foi uma ideia do seu ministro da Cultura,

Dario Franceschini, que a implementou e certamente com isso trou-

xe novos talentos para administrá-los, incluindo aí Capodimonte de

Nápoles, a Pinacoteca di Brera de Milão e a Accademia de Veneza.

Aos novos gestores o ministro deu mais autonomia no controle

de seus orçamentos, na elaboração das mostras, na prestação de

serviços como a exploração de cafés e livrarias, tudo isso num mo-

mento em que a economia italiana está bem estagnada.

O ministro Dario Franceschini declarou: “Estou muito satisfeito

com a maneira com que as reformas e mudanças estão sendo im-

plantadas pelos novos gestores, apesar de que alguns têm se quei-

xado da forte resistência às mesmas. Mas se forem reais, é porque

estão desagradando os que estavam inertes e ineficientes. Tenho

plena convicção que os museus italianos serão mais atraentes do

que antes, apresentando melhores serviços e aumentando as suas

receitas devido ao maior número de visitantes.”

NA ITÁLIA,

MUSEUS

GERAMGRANDES RECEITAS!!!

DAN DENNEHY | MINNEAPOLIS INSTITUTE OF ART

O diretor da Uffizi

Gallery, Eike Schmidt.

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