ARTES CÊNICAS
O
Ballet Stagium foi fundado em 1971,
por Décio Otero e Marika Gidali, e de-
pois de 45 anos de existência, quan-
do transformou-se em um patrimônio cultural
brasileiro, eles precisam de apoio financeiro
para poder sobreviver.
A escola, que consolidou o balé moder-
no no Brasil nunca viveu momentos tão difí-
ceis como agora, pois, nesses últimos anos
perdeu cerca de 40% dos seus alunos e era
justamente com as mensalidades que eles
pagavam que podia-se arcar o aluguel do pré-
dio na rua Augusta, desde 1974.
Marika Gidali desabafa: “Estamos viven-
do uma mendicância cultural.
Com todo o nosso histórico, com nossos
prêmios, nossa identidade nacional, não te-
mos mais como manter a companhia.
Parece inacreditável, mas
é a dura reali-
dade
!?!?
Sem patrocínio fixo, e com apoio apenas
de alguns editais da prefeitura e do governo
do Estado, a companhia acabou se endivi-
dando.
Se eu fizer a conta de quanto nós esta-
mos devendo, o normal seria parar já!!!
Quem sabe com o título de patrimônio
nos respeitem mais, visto que a palavra Sta-
gium não está sendo suficiente.
Não estamos exatamente passando o pi-
res, somente desejamos o reconhecimento
pelo espaço que já conquistamos e merece-
mos.
Há uma má distribuição da verba destina-
da à dança nos programas culturais oficiais.
Em editais, ganhamos o mesmo que uma
companhia que começou ontem.
De fato, se não conseguirmos um patro-
cínio até o fim de 2016, em janeiro de 2017
o portão de nossa escola não vai abrir mais.
A minha resposta foi o trabalho e, por
isso, a partir de 22 de outubro de 2016, no
Sesc Bom Retiro, apresentamos a nossa
mais recente criação,
Preludiando
, um espe-
táculo no qual participam 12 bailarinos ho-
menageando o compositor Claudio Santoro,
quando também buscamos envolver o públi-
co para nos ajudar a atingir 10 mil assinaturas para que
isso mobilize as autoridades governamentais para não
deixar o Ballet Stagium desaparecer.”
Nesse trabalho o coreógrafo Décio Otero se propôs a
uma tarefa que implicava em descobrir como aproximar
uma dança gestada na Europa dos jeitos e assuntos de
um Brasil tão grande e tecido pela diversidade.
Por isso, ele foi juntando outros passos e outros ges-
tos ao corpo treinado em balé, agregando informações de
outras procedências.
Em
Preludiando
, se reconhecem, dentre outros, aque-
les vindos do Teatro de Revista, do cinema do tempo de
Grande Otelo e Oscarito, de danças de salão e de danças
populares e urbanas de muitas extrações diferentes.
Isso acabou resultando em um balé “alargado” nas
suas possibilidades, visto que continua a se estruturar no
corpo vindo da técnica de balé, que não mais a ela fica
inteiramente restrito.
Assim,
Preludiando
começa contando a vida daquele
que homenageia, o compositor Claudio Santoro, confir-
mando um dos outros traços do perfil do Stagium:
tratar
do que corre o risco de não receber a atenção que me-
rece!!!
Não é a primeira vez que Décio Otero se volta para a
música erudita brasileira.
No repertório das 83 obras que criou para o Stagium,
estão espetáculos com trilhas, por exemplo, de Francisco
Mignone, Marlos Nobre, Aylton Escobar e Almeida Prado,
além do mais reconhecido, Villa Lobos.
Se você aprecia o balé, faça algo no sentido de ajudar
o Ballet Stagium a continuar essa sua trajetória, inclusive
a prosseguir em seu projeto social que atende a cente-
nas de crianças todos os dias!!!
A LAMENTÁVEL SITUAÇÃO A QUE
CHEGOU O
BALLET STAGIUM
Uma apresentação do Ballet Stagium.
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