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os pedaços de madeira, a renda, o bordado,

as sementes que viram colares.

Essas peças, que trazem embutidas a

personalidade de quem as faz e a memória

de sua origem, dão a pitada de exclusividade

necessária para o orgulho do consumidor.

É a identidade de quem faz carimbando

a identidade de quem compra!!!”

A jornalista especializada em

design

,

Adélia Borges, em seu livro

Design + Arte-

sanato: O Caminho Brasileiro

, salientou: “Há

algum tempo achava-se que o artesanato

iria desaparecer, substituído pelo objeto in-

dustrial. Não foi o que aconteceu.

Só essa atividade pode aportar valores

com singularidade e sensação de perten-

cimento. Por isso, o interesse pelo objeto

feito à mão está crescendo no mundo con-

temporâneo.”

Com apoio de instituições como o Ser-

viço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena

Empresa (Sebrae) – que organiza inclusive

projetos como o Programa Sebrae de Arte-

sanato e Feira Brasil Original, que capacita

artesãos para se tornarem empreendedo-

res –, associações como a Trapos e Fiapos

–, que ensina comunidade carentes a tece-

rem lindos tapetes, ou ainda de organiza-

ções como a ArteSol – presidida por Sônia Quintella

de Carvalho, que tem como missão valorizar a ativi-

dade artesanal brasileira e promover a inclusão so-

cial dos artesãos –, surgiram artesãos (ou artistas)

em comunidades que nem “estavam no mapa”, que

aprenderam inclusive a combinar suas técnicas tra-

dicionais com o refinamento de bom

design

.

Aliás, com isso fica cada vez mais difícil perce-

ber a diferença entre um pintor famoso e um arte-

são talentoso. E isso porque ambos são artistas,

ambos criam obras únicas!!!

Por isso o artesão no Brasil precisa ter o seu

trabalho reconhecido, ser bem remunerado por seu

empenho e criatividade, como já acontece com os

compositores e os pintores.

Criar ou vender peças originais, que despertem

algo em nós, que provoquem os nossos sentidos,

como o trabalho com as rendas das artesãs de En-

tremontes, no Estado de Alagoas, ou as peças de

couro feitas pelo Espedito Seleiro em seu ateliê em

Nova Olinda, no Estado do Ceará, ou ainda as peças

de decoração de autoria de Antônio Carlos Beck, o

Toti, produzidas na cidade de Bichinho, no estado

de Minas Gerais, está levando muita gente a ter

negócios muito bem-sucedidos num setor de

Eco-

nomia Criativa (EC)

.

Num mundo massificado, muita gente passa a

procurar o diferente, pois não há maior luxo

do que

é feito à mão, exclusivo, único

!!!

E uma tendência que está se desenvolvendo é

a

adoção do artesanato no mercado de luxo

!!!

Nos desfiles da São Paulo Fashion Week, nas

feiras de

design

em Milão, nas revistas de moda

e decoração, o que mais se vê hoje são detalhes,

acabamentos, objetos criado à mão.

Claro que esse mundo do luxo ainda não faz par-

te do dia a dia da maioria dos artesãos.

Entretanto, o fato de o artesanato ter sido alça-

do a esse patamar indica claramente

o poder de

penetração da arte popular

!!!

Um fantástico

trabalho artesanal.

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