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E

m novembro de 2013, um enorme in-

cêndio alastrou-se pelo auditório Si-

mon Bolívar no Memorial da América

Latina, destruindo a imensa tapeçaria da

artista plástica Tomie Ohtake (1913-2015).

Todavia, apesar da perda, Ohtake declarou

de forma tranquilizadora que sua obra po-

deria ser refeita (!?!?) desde que o projeto

original fosse seguido à risca...

Pois é, mas isso não seria nada fácil!!!

Desde 2014, o diretor administrativo do Me-

morial, Felipe Pinheiro, começou a procurar

por alguma empresa que pudesse refazer o

painel. Na ocasião ele descobriu que a res-

ponsável pelo serviço original, com sede na

cidade de Americana, já não tinha mais con-

dições para executar esse trabalho!?!?

Então, no fim de 2015, uma empresa se-

diada em Perus, a Punto e Filo, se dispôs a

realizar essa árdua tarefa e, por decisão de

seu presidente, Marinho Pisaneschi, sem

qualquer custo para o Memorial. Porém,

outro desafio surgiria nessa empreitada: a

compra do material!!! Mais uma vez a solu-

ção se apresentou na providencial doação

do material pela Antron (estima-se que o

custo tenha sido de aproximadamente R$

1,85 milhão).

Marinho Pisaneschi comentou: “Como

habitué

daquele auditório, meus olhos bri-

lhavam com a possibilidade de estar en-

volvido nesta tarefa histórica de refazer a

tapeçaria. Assim, colocamos um time de 20

tecelões que, munidos de uma máquina de

costura, começaram a tecer cuidadosamen-

te cada centímetro da gigantesca tapeçaria.

Ao contrário da peça original, que consistia de 400 pequenos

tapetes emendados, a nova versão será uma peça única, que,

quando pronta, deverá pesar

quase uma tonelada

. Ou seja, a

obra tem tudo para ser homologada pelo

Guinness World Records

como a maior tapeçaria contínua já feita no mundo.” Vale lembrar

que enrolada a tapeçaria terá 14 m de comprimento e um diâme-

tro de 1,5 m.

Ainda nas palavras de Marinho Pisaneschi: “Tenho plena con-

vicção de que a nova tapeçaria ficará com o desenho mais claro

e as cores mais definidas que a anterior, por causa da técnica, do

material utilizado e do fato de se tratar de uma peça única, sem

emendas. Sem dúvida essa

obra de arte

ficará com uma melhor

definição. E os ponteamentos manuais de nossos tecelões irão va-

lorizar ainda mais as curvas do desenho.”

Esse serviço começou a ser feito em janeiro de 2017, seguindo

um cronograma rígido para que a tapeçaria fosse entregue em 1º

de outubro do mesmo ano. Em seguida, deverá ser providencia-

da a

instalação

da obra. Para isso será necessário encontrar uma

empresa que possa fazê-lo!!! Ao contrário do que acontecia com

a peça original, fixada num fundo de madeira, a nova será presa a

um reforçado

drywall

de gesso, material antichamas. Aliás, a pró-

pria tapeçaria também foi feita com fios que evitam a propagação

do fogo.

Mas será que tudo estará pronto até o dia 15 de dezembro,

quando o auditório será reaberto ao público, pontualmente às

19h30min? Deve-se ressaltar que o governo do Estado investiu

R$29 milhões na recuperação do espaço destruído, e que em junho

de 2017 cerca de 75% das obras de restauro já estavam prontas!!!

O arquiteto Ricardo Ohtake, filho de Tomie e presidente do Ins-

tituto Tomie Ohtake – local que já se transformou num dos centros

culturais mais frequentados de São Paulo –, destacou: “Realmente

os tecelões da Punto e Filo capricharam muito na execução dessa

obra de minha mãe. Ela ficaria muito feliz, pois, como imaginou, o

trabalho poderia ser refeito. E foi, com muito esmero!!!”

Protótipo de tapeçaria

de Tomie Ohtake.

FINALMENTE TER-SE-Á DE NOVO

A TAPEÇARIA DE TOMIE OHTAKE

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A

ARTESANATO