EDITORIAL
precisam mais passar meses recrutando
números reduzidos de pessoas para reali-
zar seus testes. Em vez, disso as ciências
sociais e comportamentais ganharão es-
cala e, desse modo, as conclusões alcan-
çadas pelo pesquisadores terão caráter
verdadeiramente científico, e não mais
apenas
‘pseudocientífico’
.”
Uma coisa porém ficou clara, Stephens-
-Davidowitz não é um entusiasta inconse-
quente da revolução do
big data
. Por isso,
ele não se esquiva de apontar os equívo-
cos aos quais os grandes conjuntos de da-
dos serão capazes de induzir os tomadores
de decisão, na medida em que recorrerem
de forma abusiva ao
big data
. Como, por
exemplo, o de considerar o interesse por
motocicletas como um bom indicador de
baixo QI (quociente de inteligência), mas
que, segundo o autor, não deveria levar as
empresas a descartar candidatos a empre-
go que admitissem não gostar de motoci-
cletas.
Assim, a recomendação de Stephens-
-Davidowitz é de que haja bastante cautela
no uso do
big data
(megadados), sempre
que essa ferramenta for utilizada não ape-
nas para análise de dados, mas for aplica-
da a grandes agrupamentos de indivíduos
como insumo principal na tomada de deci-
sões que influenciem suas vidas.
Hoje, a proliferação dos satélites de
baixo custo e os avanços da aprendizagem
de máquina (“
machine learning
”) permi-
tem aos analistas de
megadados
examinar
milhões de imagens de satélite por dia. As-
sim, fotos de carros estacionados nos pon-
tos de venda de grandes varejistas – como
o Walmart, por exemplo – são bastante
utilizadas para se calcular,
em termos
aproximados
, o faturamento diário dessas
empresas!!!
Com um pouco de engenhosidade,
além de noções elementares de geome-
tria, é possível “
enxergar
” longe. É isso o
que fazem os analistas desses dados alter-
nativos, que elaboram estimativas sobre
estoques de petróleo, examinando nas
fotos de satélite o comprimento das som-
bras projetadas pelos tanques de armaze-
namento (a maioria dos tanques tem tetos
flutuantes, cuja altura varia de acordo com
o volume de petróleo contido no seu inte-
rior!!!).
Existemhoje empresas que conseguem,
por exemplo, oferecer estimativas sobre a
produtividade de várias instalações fabris,
acompanhando o número de caminhões
estacionados em seus pátios!!! É claro que
essas companhias vendem essas análises.
Porém, um fato é incontestável, graças ao
aperfeiçoamento da tecnologia da infor-
mação e comunicação (TIC), que gera o
big
data
, os seres humanos têm se mostrado
cada vez mais capazes a aprender sobre
si mesmos – e
cada vez de maneira mais
rápida
!!!
É bem verdade que vivemos num am-
biente em que a disseminação de notícias
falsas também é cada vez maior, principal-
mente com objetivos políticos. Nesse caso,
visa-se a derrubada de governantes e a vi-
tória em eleições. Antigamente a chamada
“imprensa marrom” foi muito usada para
denegrir a imagem das pessoas, o que sem
dúvida deu origem a uma íntima ligação
entre o poder constituído e a imprensa.
Hoje esse problema (ou essa situação) se
tornou ainda mais sério (a) graças à Inter-
net e às redes sociais, que expandiram os
horizontes no que se refere à circulação de
informações, e isso em níveis inimaginá-
veis há apenas algumas décadas.
Para ilustrar esse fato basta lembrar de
dois exemplos recentes: o primeiro diz res-
peito à divulgação pelo Facebook de da-
dos que foram essenciais para a eleição de
Donald Trump para a presidência dos EUA.
De fato, sabemos que as redes sociais im-
pulsionaram boatos, factoides, mentiras
e pós-verdades nas campanhas dos dois
candidatos – e de forma avassaladora; o
segundo se refere ao Brexit, ou seja, a saí-
da do Reino Unido da União Europeia (UE).
Mas, fora isso, estamos cientes de que
serviços como Google, Amazon, Spotify,
Netflix, YouTube etc., têm ferramentas que
lhes permitem descobrir onde moramos,
nossos gostos e nossas preferências en-
quanto clientes em potencial. Eles “apren-
dem” tudo sobre o que queremos ver, ler,
escutar, comprar e compartilhar, e, a partir
do nosso comportamento – e de todas as
informações que nós próprios lhes forne-
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A