Na
Japan
House
os
visitantes
ficam
perplexos com
o que está
sendo exibido
nela.
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mais me empolgou nesse trabalho foi atuar
em parceria com um escritório de alcance
global, como o de Kengo Kuma. Apesar de
ter trabalhado a partir das diretrizes esta-
belecidas por ele, houve muita troca de
ideias sobre a melhor forma de adaptar o
projeto à nossa realidade. Minha bagagem
pessoal foi decisiva, uma vez que, além de
minha descendência, São Paulo, cidade
onde me criei, conta com a maior comuni-
dade nipônica do mundo, vivendo fora do
Japão.”
Dentro desse centro cultural japonês há
um restaurante – comandado por Jun Saka-
moto, um dos principais nomes da gastro-
nomia japonesa – e duas lojas. A primeira
é de Sandra Fukada, que apresenta a tra-
dição do
furoshiki
, uma técnica de embala-
gem com tecidos coloridos. No térreo, está
a Madoh, que disponibiliza produtos de
de-
sign
, bebidas e alimentos importados.
A primeira exposição no local foi
Bambu
– Histórias de um Japão
, que durou pratica-
mente dois meses. Nela os visitantes pude-
ram apreciar 50 peças que exploraram os
diferentes usos do bambu, desde utensílios
domésticos até obras de artistas como Akio
Hizume e Chikuunsai IV Tanabe. O curador
dessa exposição, que também é o diretor
de programação da
Japan House
, Marcello
Duarte, explicou:
“Inicialmente, convém recordar um
pouco o processo para trazer a
Japan Hou-
se
para o Brasil, quando foi necessário tra-
balhar em conjunto com o governo japonês
para identificar as cidades do mundo nas
quais ele gostaria de apresentar uma agen-
da para o mundo ocidental. E isso teria de
funcionar de uma forma diferente: uma
edificação real, gerida por pessoas daqui,
com um ponto de vista do Brasil olhando
para o Japão. Foi um processo de encon-
tro entre aquilo que eu enxergava, ou seja,
da emergência do que estava sendo feito
lá e do que faltava no Brasil. Também foi
importante entender que a missão desse
espaço é
‘ser multidisciplinar’
. Infelizmen-
te, a visão do Brasil sobre o Japão, baseada
na comunidade japonesa que vive em nos-
so País, está desatualizada. Mesmo assim,
para criar a
Japan House
, tivemos de se
encontrar com essa comunidade. Temos
em nosso conselho membros que são nipo-
-brasileiros, porém a nossa meta é a mul-
tidisciplinaridade, atingindo assim os mais
diversos públicos.”