David Letterman quebra recorde de audiência no seu último programa
No dia 20 de maio de 2015, aconteceu um capítulo importante da TV norte-americana, quando a rede CBS transmitiu o último episódio do talk show de David Letterman considerado o “estadista do entretenimento noturno”.
Aos 68 anos, alegando cansaço, ele decidiu se aposentar após quase 33 anos à frente do programa de entrevistas, que será assumido por Stephen Colbert.
Para muitos David Letterman revolucionou a TV nos Estados Unidos da América (EUA).
Ele estreou seu show na NBC em 1982. O programa ia ao ar à 0h30min, logo depois do talk show do lendário Johnny Carson.
Em pouco tempo, ele virou o nome mais falado da TV.
Trazia os convidados mais excêntricos e amalucados, como os comediantes Andy Kaufman e Bill Murray, e as atrações musicais mais modernas.
O público jovem passou a cultuar o apresentador.
Quando Carson se aposentou, em 1992, muitos acharam que a NBC colocaria Letterman em seu lugar.
Entretanto a emissora achou arriscado e chamou o comediante Jay Leno –talentoso, porém bem mais careta e “quadrado.
Frustrado, Letterman foi para a rede CBS, onde bateu de frente com Leno até este se aposentar, em 2014.
Leno quase sempre teve a melhor audiência, mas Letterman era mais ousado. Dono de um estilo ácido e autodepreciativo, ia na contramão da simpatia de apresentadores clássicos como Carson.
Com o seu sarcasmo e perguntas desconcertantes, ele tirou muitas celebridades do sério.
Numa antológica entrevista em 1994, a cantora Madonna, irritada, disse ao apresentador muitos palavrões.
Letterman está deixando o ambiente de fim de noite na TV nos EUA e por que não dizer no resto do mundo bem diferente do que o que ele ajudou a construir.
Especificamente nos EUA, apresentadores como Jimmy Fallon (que ultimamente substituiu Leno no The Tonight Show) e Jimmy Kimmel (no Jimmy Kimmel Live na ABC) estão dominando com sua própria energia engenhosa, seu conhecimento de Internet e sua visível juventude.
Isso também deve acontecer com o substituto de Letterman, Stephen Colbert, que já é considerado o sabichão politicamente informado do seu programa The Colbert Report.
Tudo indica que com um intelecto superior aos Jims do fim da noite (Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel e James Corden) Colbert deve introduzir o seu estilo, apesar de rezar no altar do entretenimento sem abrir mão da lâmina crítica.
Enquanto os Foo Fighters, a banda favorita de David Letterman , tocavam ao vivo Everlong (canção que o ajudou a superar uma cirurgia do coração), a última edição de Late Show with David Letterman foi realmente frenética, com participações incríveis.
Nas últimas duas semanas de despedidas, Letterman recebeu os atuais residentes da Casa Branca, Barack e Michelle Obama, Oprah Winfrey, Julia Roberts e Tom Hanks, além dos seus músicos favoritos, de Bob Dylan a Eddie Vedder.
Esse programa bateu o recorde de audiência (foi visto por 13,7 milhões de pessoas) e teve muitas montagens com os grandes momentos ao longo de 33 anos de Late Show.
A famosa lista Top Ten de “coisas que sempre quis dizer ao Dave” foi lida por dez celebridades.
E o apresentador que mais ridicularizou a fama pela fama esteve rodeado de muitos amigos.
De Bill Murray, que esteve com ele desde o primeiro programa, em 1982, a Jerry Seinfield, passando por Tina Fey que disse: “Obrigada por finalmente provar que os homens podem ser engraçados” e Chris Rock que destacou: “Fico contente de ver seu show passar para um outro homem branco!”.
Cada eloucação confirmou o papel único que Letterman desempenhou, ou seja, cujo programa mudou a comédia, mas cujo estilo pessoal, não poderá ser imitado!
A nostalgia irá se tornar evidente e maior que o afeto genuíno que os famosos e o público acostumaram-se a ter por ele.
Nesse ritual de passagem, Letterman entre brincalhão e sarcástico declarou: “Sabem a que vou dedicar o resto da minha vida? À mídia social!!!”
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.