Ed Catmull: um físico muito criativo
Ed Catmull, físico especializado em computação gráfica e ganhador de cinco prêmios Oscar por inovações tecnológicas em cinema, aprendeu na prática a motivar equipes para chegar a um produto final que demanda mais que técnica, sensibilidade e ousadia.
Em 1995, à frente da Pixar, lançou Toy Story, o primeiro desenho animado de longa-metragem totalmente computadorizado, o primeiro de seus 14 sucessos consecutivos de bilheteria, que conquistaram 30 Oscars.
A Pixar, bem diferente das Disney, se desenvolveu buscando dar a luz a novos clássicos destinados preferencialmente ao público infantil, com um forte apelo para os adultos.
No seu livro Criatividade S.A, ele descreve um panorama da evolução da arte de animação cinematográfica a partir dos anos 1970, quando criou o primeiro curta-metragem animado em três dimensões (3D), usando um modelo digitalizado de sua própria mão esquerda. Essa “mão” marcou a sua primeira imersão no mundo do cinema. Em 1979, Ed Catmull foi contratado por George Lucas para dirigir a divisão de computadores da Lucasfilm. Então, ele conheceu o animador John Lasseter, formado pelos estúdios Disney.
A transição de pesquisador acadêmico para chefe de equipe levou Catmull à busca de um ambiente que fomentasse a criatividade do grupo. Sem temer arriscar sua posição, procurou contratar “pessoas mais inteligentes” que ele próprio para o Graphics Group, uma subsidiária da Lucasfilm.
Em 1986, Steve Jobs adquiriu o Graphics Group, que se tornou a Pixar (junção de pixels com art), presidida por Catmull, tendo Lasseter à frente da equipe de criação.
Ed Catmull relatou: “Steve Jobs era lacônico antipático e totalmente desprovido de senso de humor. Ele chegou a pensar em vender a Pixar para Microsoft em 1991. A Pixar não poderia ter sobrevivido sem Steve, mas, mais de uma vez, naqueles anos, eu não sabia se iríamos sobreviver com ele!?!?”
Steve Jobs acabou vendendo a Pixar para a Disney em 2006 por muito dinheiro, tornando-se seu principal acionista individual. Foi necessário promover a integração dos funcionários da Disney com os da Pixar, na qual a informalidade era tanta, que nenhum empregado da Pixar tinha contrato de trabalho!
Para ter uma integração “alegre”, recorreu-se a muitas festas sociais com desafios de bandas, concursos de lançamento de aviões de papel, além dos mais variados seminários, nos quais participavam funcionários de todos os setores, de forma que cada um pudesse conhecer o trabalho em áreas distantes da sua.
O investimento da empresa na criatividade de todos os envolvidos no processo se fez através de cursos de balé, escultura, dança do ventre, programação de computadores, representação e design, entre outras disciplinas que nada tinham a ver com a produção de filmes.
Mas foram também atacados os temas em que estavam envolvidas as pessoas na criação de uma história, como foi o caso daqueles que realizaram o filme Ratatouille, que ficaram duas semanas percorrendo restaurantes premiados e entrevistando chefs em suas cozinhas em Paris e também visitaram alguns esgotos da cidade para compreenderem melhor o “lar de muitos ratos”.
Leia Criatividade S.A, pois é muito inspirador e, além disso, é uma boa história de como se pode desenvolver nessa competência.
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.