Fuga dos profissionais talentosos da Grécia
Apesar de que no dia 12 de julho de 2015, após muitas discussões dos governos da zona do euro estes terem decidido liberar €86 bilhões para a Grécia, num programa de socorro a sua combalida economia, isso não significa que vai parar a fuga de profissionais talentosos do país que entre 2010 e 2014 já fez com que pelo menos 350 mil gregos deixassem a sua terra natal.
Esse sem dúvida é o maior êxodo de pessoas talentosas de uma economia europeia desde a 2ª Guerra Mundial.
Até o final de 2015, acredita-se que esse número deverá chegar a 430 mil.
Dessas pessoas que abandonaram a Grécia, cerca de 70% são jovens entre 20 e 39 anos, consideradas por especialistas como uma geração muito bem preparada, talvez a mais bem preparada dos últimos 100 anos.
Naturalmente essa fuga de cérebros e de profissionais talentosos e especializados vai afetar a produtividade do país, o fornecimento de bons serviços e finalmente à própria recuperação econômica da nação.
Assim, só para a Alemanha mudaram-se 5 mil médicos.
Outros milhares de profissionais com formação superior encontraram empregos no Reino Unido, enquanto mais de 10 mil embarcaram para a Austrália, sem qualquer problema em ter que falar inglês lá, pois já dominavam essa língua.
Para os Estados Unidos da América (EUA), foram mais de 20 mil.
Eles tiveram que “fugir” do seu país pois nele o desemprego entre os jovens beirava os 50%.
Claro que essa fuga do seu capital humano será uma grande perda na próxima década para a Grécia, até porque são pessoas que foram educadas com grandes custos – para as suas famílias e para o poder público – e agora trabalham em países que não investiram nada na sua formação profissional.
E outro lado assustador é que os filhos das famílias mais abastadas já nem estudam mais na Grécia – eles eram cerca de 50 mil em 2015 – mas sim em outros países, nos quais acreditam que vão conseguir ter um emprego de acordo com a sua profissão e desfrutar uma boa qualidade de vida.
Se um dia a Grécia tiver uma melhor situação econômica conseguirá atrair de volta todos esses seus talentos espalhados pelo mundo?
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.