Já vivemos numa bolha de dispositivos inteligentes?
Estamos vivendo numa intensa proliferação ou numa bolha, em que a frase que mais se ouve ou lê no marketing é: “O primeiro (…) inteligente do mundo!!!”
E aí se inclui a primeira escova dental inteligente do mundo. O primeiro prato, garfo, sapato, camisa, meia, aquário, frigideira inteligente do mundo!!! Aliás, todos os dispositivos mencionados são reais, inclusive o último, que atualmente tem um protótipo em funcionamento e o inventor procura captar recursos através do Kickstarter, site de financiamento coletivo.
Em seguida, surgirá também o primeiro detector inteligente de gases humanos do mundo! Chamado de CH4 (a fórmula química do metano), ele é encaixado no bolso traseiro da calça e conectado a um aplicativo que correlaciona a frequência da produção de gases humanos com o que se come.
Christopher Mims, no seu artigo A bolha dos supostos dispositivos inteligentes, do jornal The Wall Street Journal, publicado no jornal Valor Econômico (6/5/2015) destacou: “Veja a equipe responsável pela Vessyl, o primeiro copo inteligente do mundo, que tem um vídeo promocional tão exagerado na mensagem, salientando que vai mudar o mundo!!! Isso foi satirizado pelo comediante norte-americano Stephen Colbert.
Nic Barnes, diretor de marketing, comentou que a aparição do produto no programa de televisão de Colbert levou a um salto nas vendas e inspirou muitos a defender o copo da Vessyl e um mostrador de led acenderá com a palavra ‘cerveja’ piscando, caso haja alguma dúvida.
O argumento de venda da Vessyl é que, ao registrar tudo o que você bebe, o produto informa exatamente a quantidade de calorias e cafeína consumidas por dia. E também determina o nível de hidratação.”
Pois é, estamos vivendo numa era em que todos os empreendedores tem a ideia fixa de colocar chips em quaisquer objetos para torná-los inteligentes, isto é, servirem para monitorar ou dar certas informações aos seus usuários. Sem dúvida, surgiram muitos produtos inteligentes bem ridículos! Esse talvez não seja o caso da frigideira inteligente – Pantelligent –, criada por Humberto Evans. Ela já está em estágio de produção e faz uma coisa que é realmente útil. Ela pode informar a temperatura exata da frigideira. Mas essa frigideira Pantelligent precisa de um smartphone para fornecer essa informação por meio de uma conexão sem fio.
Humberto Evans, criador da Pantelligent, explicou: “Acho que a Pantelligent tem a capacidade de ser bem mais que um simples produto. Estamos falando sobre o conhecimento das pessoas de como cozinhar e entregando este conhecimento através de uma frigideira, por exemplo, informando quanto tempo o salmão precisa ser cozido a partir da espessura do mesmo…”
Você gostaria de ter uma frigideira ou um copo inteligente?
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.