Naomi Wolf, a porta-voz da vagina
Naomi Wolf, hoje com 53 anos, lançou o seu primeiro livro em 1991 O Mito da Beleza – que logo se tornou um best-seller.
Nele, ela destacou como o ideal de beleza feminina pode ser um controle social tão eficaz quanto a imagem da dona de casa!?!?
A partir desse sucesso, Naomi Wolf passou a ser provavelmente uma das mais importantes referências da terceira onda feminista!!!
Pode-se dizer que a primeira onda aconteceu no fim do século XIX e início do século XX e tinha como eixo a conquista dos direitos políticos por parte da mulher.
De certa forma a segunda onda transcorreu mais intensamente nos anos 1960 e 1970, quando se começou a lutar pela igualdade de papéis no governo, no comando das organizações e contra a discriminação.
Finalmente, a partir de 1990, pode-se dizer que se iniciou a terceira onda, quando as feministas passaram a questionar conquistas e retrocessos do movimento, desde a chamada revolução sexual.
É nesse sentido que Naomi Wolf lançou o seu livro Vagina: Uma Biografia que inicialmente nos Estados Unidos da América (EUA) teve o seu título censurado e a loja virtual da Apple “enfeitou” o título “vagina” que apareceu “v****a”, o que causou reação de leitores e feministas.
Na época do lançamento (2013) Naomi Wolf declarou: “Como feminista e escritora, esse era um assunto sobre o qual eu teria de falar um dia, porque vivemos em uma cultura na qual as mulheres têm vergonha da vagina e não estão no controle de sua sexualidade.
A relação entre o cérebro do homem e seu pênis já está bem estabelecida, ninguém fica surpreso quando o estresse afeta a libido do homem, mas isso na ciência aplicado a mulheres é relativamente novo.
O fato de muitas mulheres reclamarem do endeusamento do pênis não invalida o uso do termo ‘deusa’ para a vagina.
Minha pesquisa pelas culturas mostrou que as mulheres se sentem bem com sua sexualidade quando há uma ideia do divino feminino.
Fiquei feliz de saber que o que procurei enfatizar no meu livro está sendo um esclarecimento que está tornando muitas mulheres mais felizes e orgulhosas.
É bom que as pessoas utilizem o meu livro para ter mais prazer!”
A arguta e às vezes agressiva articulista Barbara Gancia no seu artigo Obra respeitável vê pacote completo da vagina (publicado na Folha de S. Paulo em 30/11/2013) destacou: “Após enfrentar uma delicadíssima cirurgia para religar a nervatura nas costas, Wolf viu a vida sexual voltar a lhe sorrir como antigamente…
Daí ela quis entender a ligação entre a mente da mulher e sua vagina.
E, por vagina, a autora entende o pacote completo: do nervo pélvico que começa no clitóris, atravessa ‘o buraco com a forma de Deus’, como disse há muito tempo Blaise Pascal, inclui útero, trompas, tudinho, e dá na espinha dorsal, que, no fim, se liga ao cérebro.

O incrível livro
de Naomi Wolf.
Para escrever sobre a vagina ela falou com cientistas, fisiologistas, psicólogos, xamãs, vasculhou os mais avançados centros de neurociência, investigou a identidade sexual feminina.
Para Naomi Wolf, a vagina na realidade é um ecossistema complexíssimo, uma morada dos deuses.
Na definição taoísta, um lótus dourado, que Wolf vê como conjunto de redes vibrantes de nervos que enviam impulsos constantes à medula espinhal.
E, assim como a lua regula as marés, cada deusa dança à sua maneira e possui ‘uma impressão digital própria’, com sua ramificação neuronal específica, tendo diferentes segredos a desvendar.
O fato é que cada mulher tem seu jeito de atingir o orgasmo, que varia caso a caso, sem ter nada a ver com extroversão, cartão de crédito do parceiro ou doses de álcool consumidas na noitada.
Acontece por conta de diferenças nas redes neurais. Há quem só chegue ao clímax via clitóris, quem só conheça o vaginal, quem ache o ponto G, quem venha sem GPS. E pode haver variação no playlist, segundo o clima ou a época.
São muitas as emoções femininas…
Portanto, em especial os homens, não adianta que toquem sempre a mesma música no seu sax, sua flauta ou seu trombone!!! É preciso variar som, tom e melodia. Já a mulher deve explorar melhor seu território. Quantas nem sabem quantos buracos têm?
Aliás, em vez de ficar elogiando e prestando tanta atenção no órgão deles é a própria Naomi Wolf que sugere que paremos de subestimar a importância que eles dão às nossas vaginas!!!”
Engenheiro, mestre em estatística, professor, autor de dezenas de livros, gestor educacional, palestrante e consultor. Editor chefe da Revista Criática.