MaRS – O apoio à inteligência artificial (IA) no Canadá
Muito antes de o Google começar a pesquisar e trabalhar com carros autônomos e de a Amazon criar eletrodomésticos falantes, diversos pesquisadores no Canadá, com apoio do seu governo e de suas universidades, já estavam pavimentando o caminho para se chegar ao atual boom da inteligência artificial (IA).
E esse centro da febre comercial voltada para a IA está muito longe do Vale do Silício, na Califórnia (EUA).
Durante muitos anos, um grande número de talentosos jovens canadenses, cientistas de IA, foram atraídos pelos bons salários oferecidos por empresas dos EUA, como Apple, Facebook, Google etc.
Agora, entretanto, tornou-se uma prioridade para o governo canadense trazer esses profissionais de volta para o país e, assim, construir ali um rentável ambiente de negócios focados em IA.
Com essa finalidade, tem-se aproveitado a tenacidade dos pesquisadores canadenses veteranos, como Geoffrey Hinton, Richard Sutton e Yoshua Bengio. Estes desenvolveram técnicas inovadoras que propiciaram avanços notáveis na tecnologia de IA – o aprendizado de máquina –, mesmo quando muitos outros cientistas consideravam seu trabalho pouco promissor!?!?
O fato é que o atual primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, decidiu apoiar os centros de pesquisa de IA, nas cidades de Toronto, Montreal e Edmonton. Neste sentido, destinou US$ 93 milhões de seu novo orçamento para essa finalidade. Mas ele não está sozinho. Na verdade, o governo também conta com a colaboração do setor privado.
Um dos beneficiados pela injeção de recursos foi o Vector Institute for Artificial Intelligence, em Toronto, que recebeu investimentos da ordem de US$ 130 milhões. Aproximadamente metade desse dinheiro provém dos governos nacional e provincial; os outros 50% vem de patrocinadores corporativos como Google, Accenture e Nvidia, além de grandes empresas canadenses como o Royal Bank of Canada, o Scotia Bank e a Air Canada.
Esse novo instituto está localizado no distrito Mars Discovery, onde existe um grupo de edifícios no centro de Toronto, controlado por uma parceria público-privada. Ele abriga muitas start-ups de tecnologia, incluindo algumas empresas com foco em IA.
Grandes empresas multinacionais estão investindo em IA, como é o caso da General Motors (GM), que está instalando um centro de pesquisa e engenharia de automóveis em Toronto.
Por seu turno, a Thomson Reuters anunciou recentemente que também irá abrir um centro de “computação cognitiva” em Toronto para pesquisar novas maneiras de os profissionais usarem tecnologias e informação no auxílio à tomada de decisões.
Pois é, a formação de empresas que trabalham com IA tornou-se um imperativo econômico para o Canadá. E isso porque a indústria de tecnologia canadense estagnou nos últimos anos: a Nortel, por exemplo, grande fabricante do setor de telecomunicações, declarou falência em 2009 e foi decaindo nos anos seguinte; por sua vez, o ex-líder de mercado, Black Berry, também acabou desaparecendo no mercado de smartphones.
Bem, há claras evidências de que o Canadá não quer se atrasar no campo da IA. Mas, e o que dizer do Brasil?
Quando é que começaremos a, pelo menos, incluir nos cursos técnicos de nossas instituições de ensino superior disciplinas realmente voltadas para IA, robótica, Internet das Coisas, ou seja, para a indústria 4.0?
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.