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O profissional do futuro


O ser humano tem a incrível habilidade de projetar cenários, adiantando-se ao tempo, especulando sobre o que acontecerá no futuro. Essa talvez seja uma das principais qualidades da espécie que dominou este planeta.

Mas, progressivamente, seu poder de analisar informações e com elas inferir o desfecho possível tem sofrido um abalo de complexidade.

Talvez por conta das ideias e constatações de dois importantes líderes: de um lado, o criador da elegante, resistente e amplamente aplicada teoria da evolução das espécies, Charles Darwin, que organizou de maneira conceitual a explicação para o processo de sobrevida e extinção das espécies vivas; e do outro, o precursor da lei da evolução do poder de processamento computacional, Gordon Moore, que profetizou o que se confirma na prática, ou seja, o poder de processamento computacional que dobra a cada 18 meses.

Vivemos, portanto, no mundo do “darwinismo digital exponencial”, uma sociedade com prevalência tecnológica, mudanças exponencialmente rápidas e sobrevivência dos mais adaptáveis digitais…

De que forma isso afeta os profissionais do futuro?

Se a previsibilidade sobre o que vai ocorrer diminui, tornando difícil o exercício de tomar decisões sobre qual profissão seguir (afinal, nem sabemos qual será…), em contrapartida, emergem alguns princípios fundamentais que, se adotados em qualquer área de atuação, podem ajudar os profissionais na construção de uma carreira sustentável. Vejamos alguns deles:

1. Ferramentas tecnológicas e a colaboração homem-máquina.

A evolução tecnológica é uma força irrefreável, que avança nas mais diversas direções, estimulada pelo desejo das pessoas e sua vontade de adquirir telefones, computadores, carros etc., e pelas empresas em busca de maior competitividade, desenvolvendo robôs e softwares de análise de grandes bancos de dados.

Desde os primórdios da Revolução Industrial, quando máquinas a vapor facilitaram o esforço físico, até os dias atuais, da computação quântica e compartilhada na nuvem, a sociedade participa deste fenômeno de hibridização, no qual o ser humano divide cada vez mais espaço com as máquinas.

No atual estágio em que ela está, fica fácil constatar que um profissional pode ser mais produtivo e até inventivo se lançar mão de recursos tecnológicos para dar suporte à sua profissão. Por exemplo: um engenheiro que usa um software de projeto; um taxista que utiliza um aplicativo de rotas; um médico que acessa sua base de diagnóstico remoto para consultar possíveis causas de enfermidade; um designer que escolhe uma ilustração numa paleta de software; uma jornalista que usa um corretor ortográfico e gramatical para dar o toque final em seu texto.

Em suma, nenhum profissional pode abrir mão de recursos de apoio como os citados acima, se pretende ter um desempenho compatível com os níveis de exigência atuais. Basta lembrar que, se um aplicativo de rotas for capaz de economizar quinze minutos do tempo de um passageiro, isso é um diferencial competitivo fundamental para um motorista…

2. Perfil e competências essenciais.

Não se pode menosprezar, todavia, que o avanço tecnológico alcançou o estágio da chamada computação cognitiva, especialmente pelo advento do Aprendizado de Máquina (Machine Learning) ou Aprendizado Profundo (Deep Learning).

Os pesquisadores em inteligência artificial (IA) chegaram ao ponto de desenvolver algoritmos capazes de emular o modelo de aprendizagem humana e, portanto, demonstrar capacidades e competências antes tidas como exclusivas do ser humano. Os famosos exemplos dos supercomputadores Deep Blue (que venceu o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov) e Watson (que venceu os dois melhores “jogadores” humanos de Jeopardy) demonstram que a capacidade de raciocínio lógico e analítico não é mais exclusiva de pessoas. Essa é somente a ponta do iceberg no processo de substituição de pessoas por máquinas e sistemas em diversas funções, desde a preparação de um simples café até o diagnóstico de um tumor por análise de imagens, passando pela sugestão do que comprar, baseada em perfil pregresso de compras e pela produção totalmente automatizada de veículos.

Dessa constatação emerge um princípio que importa sobremaneira ao profissional do futuro: é necessário desenvolver, constantemente, competências essenciais, ou seja, aquelas que ainda não podem ser realizadas por máquinas, pois isso garantirá um incrível diferencial na carreira.

Entre os exemplos de competências essenciais estão: bom senso, inovação, motivação, liderança e política.

Enquanto o profissional tiver habilidades, atitudes e comportamentos (competências) que não possam ser substituídos por uma máquina ou sistema, ele terá um alicerce sobre o qual construir sua atuação profissional sustentável.

3. Modelo de trabalho e disponibilidade digital.

Entre os avanços mais marcantes do nosso mundo, está a ubiquidade da Internet e a possibilidade de comunicação instantânea, bem como a de organização rápida de milhares / milhões de pessoas em torno de tarefas, propósitos e ideias, através de plataformas colaborativas e redes sociais.

Isso significa que qualquer profissional que almeje espaço no futuro, ou mesmo agora, precisa aceitar algumas condições:

↘ a) Os modelos de trabalho e de relação econômica com empresas e com o mercado mudaram, pois a disponibilidade tecnológica faz com que não seja mais necessária a presença física para efetuar grande parte das tarefas, abrindo espaço para o mundo do freelancing, employee sharing e talent sharing.
↘ b) Como consequência, é necessário que o profissional do futuro desenvolva uma eficiente presença digital, para poder se colocar à disposição neste novo ecossistema de interação profissional.
↘ c) Em adição à sua presença, ele precisa estar preparado para atuar de maneira colaborativa, conectando-se com outros profissionais e empresas que se disponibilizam remotamente, pois projetos complexos requerem intervenções de inteligência coletiva.
↘ d) A competição global finalmente é uma realidade dura e tangível.
↘ e) A possibilidade trabalhar de forma empreendedora e baseada num propósito coerente, também é uma realidade, pois a busca pela felicidade no trabalho é uma das principais tendências já há alguns anos, impulsionada pelos jovens.

Os exemplos são muitos. Vale citar a plataforma Freelancer.com, com mais de 8 milhões de projetos lançados, mais de 16 milhões de usuários e mais de 22 mil freelancers cadastrados. Nela, qualquer um pode contratar projetos de programação de softwares, desenvolvimento de aplicativos, redação, design, legislação,
marketing, vendas, engenharia, entre outros, executados por profissionais cadastrados em qualquer parte do globo, com base no preço ofertado e em sua reputação.

Talvez uma das definições que melhor capture essas condições seja a de Novo Poder, de Jeremy Heimans e Henry Timms: “O novo poder é a implementação de participação em massa e coordenação entre pares para criar mudanças e transformar os resultados.”

Traduzindo, empresas como Airbnb e Uber se utilizam desta definição e das condições acima para perturbar de forma irreversível o ambiente econômico em que se inserem. Se a legislação de cada país vai acomodar o trabalho freelancer ou as plataformas colaborativas, é uma medida que ainda está por se decidir. Mas esse movimento tende a ganhar força.

4. Persona e presença digital.

Finalmente, mesmo que não se perceba, todos estão deixando algum tipo de impressão, literalmente digital, no espaço virtual que frequentam. Ao fazer buscas na Internet, postar fotos em redes sociais, adquirir produtos em plataformas de e-commerce, frequentar eventos patrocinados ou, simplesmente, carregar um smartphone consigo, as pessoas deixam sua pegada digital (o resultado direto de sua atuação no ciberespaço) e uma sombra digital (o resultado indireto dessa mesma atuação). Pegada e sombra juntas constroem a reputação pessoal e profissional, algo como a persona, que fica acessível na rede mundial de computadores.

Um dos motivos fundamentais que embasa a decisão de compra eletrônica é a opinião dos compradores sobre o produto ou no caso do vendedor, sobre sua reputação. Esse também servirá de motivo para a seleção dos profissionais do futuro.

Basta lembrar que diversas empresas já estão contratando seus funcionários levando em conta sua atuação em redes sociais, e que essa mesma atuação serve de motivo para demissões sumárias.

De uma forma ou de outra, o discurso sobre os valores e ética será confrontado com a realidade de comportamento documentado e disseminado pela Internet.
O profissional do futuro terá de agir com consciência na construção de sua marca pessoal e de sua reputação, sua persona digital, caso almeje ter espaço e construir uma carreira de sucesso.

↘ E agora?
Esses quatro princípios fundamentais, ferramentas, perfil, modelo e persona, precisam ser utilizados em conjunto para permitir uma trajetória de sucesso profissional, no futuro. Mas é necessário começar já, redesenhando como o trabalho pode ser mais bem feito com apoio de recursos tecnológicos, desenvolvendo competências essenciais, disponibilizando-se de forma virtual e colaborativa e cuidando para que discurso e prática não estejam separados por um abismo que fique exposto eternamente.

Além disso, não houve nenhuma época anterior à nossa em que as pessoas estivessem tão engajadas em trabalhar por um propósito e buscar a felicidade no trabalho.

É fato também que têm surgido definições inusitadas sobre as características do profissional do futuro, como um Supertasker, que é a pessoa capaz de realizar duas ou mais tarefas simultâneas com sucesso, algo que parecia impossível até há pouco tempo para os estudiosos da atenção. Mas isso ainda precisa de mais estudo e investigação para se confirmar.

Finalmente, além dos quatro princípios aqui expostos e do “darwinismo digital exponencial”, a era em que se vive hoje permite que qualquer um ambicione conceber sua própria profissão. Talvez essa seja a maior marca do profissional do futuro, a autonomia para, a partir dos seus talentos, e em coerência com seus propósitos, inventar sua atuação profissional de maneira criativa e inovadora, aumentando assim seus níveis de realização e felicidade.

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