Os e-sports podem um dia ser incluídos nos Jogos Olímpicos?
Temos hoje muitos campeonatos de games, como os de Counter Strike (de tiro) ou League of Legends e Dota 2 (ambos de estratégia), e a pergunta que se faz é: os atletas dos e-sports (esportes eletrônicos) estão à altura de disputar uma medalha olímpica?
Essa pergunta pode parecer estranha ou bastante exótica, porém ela foi levantada pelo próprio Comitê Olímpico Internacional (COI), uma vez que surgiu a possibilidade de incluir os videogames (e-sports) como modalidade oficial dos Jogos já a partir de 2024, quando serão realizados em Paris (França).
De fato, essa ideia foi levantada pelo canoísta francês Tony Estanguet, dono de três medalhas de ouro – Sidney (2000), Atenas (2004) e Londres (2012) – que é o copresidente do comitê que está preparando os Jogos Olímpicos na capital francesa.
É verdade que o presidente do COI, Tomas Bach, não gostou muito da sugestão, afirmando: “O que desejamos nos Jogos Olímpicos é promover a paz, a não discriminação e a não violência entre as pessoas. Isso não condiz com os videogames, que giram em torno da violência, de explosões e matança. É aí que precisamos estabelecer um limite!!!”
Apesar dessa reação do todo-poderoso do COI, isso não significa que a discussão sobre a introdução dos e-sports esteja encerrada!?!? O que se espera e se deve fazer é adequar o gênero ao esporte olímpico e, neste sentido, já existem muitos videogames envolvendo partidas de futebol, basquete e tênis, como o lançamento em maio de 2018, pela Nintendo, do Mario Tennis Aces, no qual se pode “medir” as habilidades dos jogadores nos e-sports!!!
Na conceituação implacável dos dicionários, “esporte é a prática regular de uma atividade que requer exercício corporal e que obedece determinadas regras”. Nesse quesito, as modalidades eletrônicas podem até passar, com bastante complacência – uma vez que os videogames não demandam muito esforço físico de seus “atletas”. Em uma hora de prática são gastas somente 65 calorias (menos que em uma hora de sono turbulento…).
Porém, para se transformar numa modalidade olímpica há ainda outras exigências e, nesse caso, os jogos eletrônicos as satisfazem plenamente. Para o COI uma nova modalidade “precisa ser capaz de potencializar a popularidade dos Jogos e garantir que ela continue relevante para os jovens, com inovação e adaptação aos gostos e às tendências modernas.” Sobre isso, ninguém tem dúvida de que os videogames preenchem integralmente esse requisito.
Em 2017, os e-sports movimentaram cerca de US$ 720 milhões e o seu público de fãs ultrapassou 230 milhões de pessoas (somando-se as que vão aos estádios e aquelas que acompanham os mesmos em transmissões pela Internet ou pela TV). Em 2015 esses amantes dos e-sports eram 120 milhões e a projeção para 2024 é de que cheguem a 450 milhões!!!
Bem, os vaivéns são comuns nos Jogos Olímpicos. Desde o seu início em 1896, por iniciativa do barão francês Pierre de Coubertin, somente cinco modalidades estiveram presente em todas as edições: atletismo, ciclismo, esgrima, ginástica e natação. Um esporte que entrou e saiu foi o judô. Ele ingressou pela primeira vez em 1964, saiu em 1968 e retornou em 1972.
Nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, haverá pela primeira vez disputa de escalada, skate e surfe, modalidades de muito interesse entre os jovens!!! Como, oficialmente, os jogadores profissionais dos e-sports – que em diversas competições pelo mundo concorrem a prêmios que ultrapassam os US$ 10 milhões – praticam diariamente exercícios físicos por 1h15 min e treinam com seus games por cerca de 6 h, isso significa que eles sabem que precisam ter o corpo em forma para suportar as longas partidas que terão pela frente.
Será que isso já não será o suficiente para que essa modalidade se encaixe com folga no amplo conceito do que é esporte e, desse modo, se permita que os e-sports sejam no futuro incluídos nos Jogos Olímpicos?
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.