Pode um computador criar um quadro que possa ser confundido como sendo de Rembrandt?
Bem, a resposta é afirmativa e quase 350 após a morte do mestre holandês Rembrandt (1606-1669), um programa foi o primeiro a realizar a proeza de criar uma nova obra: O Próximo Rembrandt!!!
Revelada nos primeiros dias de junho de 2016 em Amsterdã, essa tela iludiu os desenvolvedores menos atentos, com menos perícia. Sem dúvida, é primorosa, entretanto não encerra a alma do pintor!?!?
Essa obra-prima artificial é o fruto do trabalho de historiadores, programadores e analistas que trabalham em organizações como a Microsoft, o banco ING, na universidade de Delft e em museus holandeses. Trabalhando em grupo, utilizaram a informática para analisar dados de como Rembrandt usava lápis e pincéis para criar algo novo!!! Esse trabalho durou cerca de 18 meses e começou pela constituição de uma base de dados exclusiva: mais de 300 obras do mestre passaram por um scanner de 3D (três dimensões) e um algoritmo reteve as principais características das pinturas. O diretor técnico do projeto comentou: “Para ser fiel ao mestre, o programa calculou que era preciso fazer o retrato de um homem branco, entre 30 e 40 anos, com roupas escuras, colarinho claro e um chapéu.” A análise desses dados permitiu aos cientistas afinar o retrato-robô encontrando, de fato, traços que fazem de um Rembrandt um outro Rembrandt.
Pois é, se agora falsos verdadeiros mestres executados por máquinas 3D, em 148 milhões de pixels, invadissem o mercado?
Seria uma certa revolução destrutiva, desastrosa para o surgimento de novos talentos que teriam que competir com máquinas que criam obras com facilidade e bem expressivas…
Aliás, em 2015, a Fujifilm belga já desenvolveu uma técnica de varredura por laser e fez uma impressão de alta resolução em 3D de 31 clones de Van Gogh!!! Ela conseguiu reproduzir tudo com grande perfeição, até as pequenas rachaduras do verniz!
A venda de nove dessas cópias apócrifas por € 25 mil cada uma, fazem com que se recorde do famoso caso que abalou o mundo da arte em 1985, quando dois peritos europeus questionaram a autenticidade de um Rembrandt e um Ticiano respectivamente dos museus de Berlim Ocidental e Munique, os quais teriam sido pintados por desconhecidos, provavelmente da mesma época e do mesmo grupo a que pertenceram os grandes mestres.
E aí vem a questão: há menos autenticidade na obra anônima ou falsificada, do que naquela que espelha os credos artísticos coletivos, a que se convencionou chamar de obra de arte?”. De uma certa forma, a própria produção contemporânea corrobora essa questão e Mmais do que isso, faz prever um futuro no mundo da arte no qual talvez importará pouco a originalidade da obra.
A queda dos imperativos dentro da arte diminui o nível de exigência da audiência, a ponto de ela optar um novo mito “a cada 15 min”, como algumas décadas atrás declarou Andy Warhol. Dessa maneira, o “estilo internacional”, seja ele qual for, continua a se autoalimentar. Assim, estabelecem-se trocas e conexões por meio de publicações especializadas e exposições internacionais, constituindo-se um circuito em que a assinatura do artista só interessa ao mercado!?!?
Tudo faz crer que num futuro (bem próximo…), a linguagem artística não apenas deverá ser um bem comum desfrutado por todos, como poderá até mesmo perder a sua secular condição de “tabu”. E, por fim – legitimamente apócrifa –, só ser empregada com a prerrogativa de pertencer ao repertório expressivo de cada um.
Mas e aí, a proliferação de muitos quadros admirados com o desaparecimento de sua raridade (ou escassez) fará com que essas obras de arte tenham os seus preços bem diminuídos?
Certamente!?!?
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.