Turistas desejam vivenciar experiências cada vez mais inusitadas
Inicialmente, deve-se destacar que o turismo-indústria representa hoje cerca de 10% do produto bruto mundial. Isso acontece a despeito de alguns lugares registrarem um ambiente de “turismofobia”, o que pode ser explicado como “medo de turistas”.
Dois bons exemplos disso são o Rio de Janeiro, onde o atual prefeito não busca se envolver muito com eventos que atraem um grande número de visitantes (Carnaval, Réveillon etc.) e Barcelona, onde os muros estão sendo pichados com frases como “All tourists are bastards!” (“Todos os turistas são bastardos”), o que indica que uma boa parte da população se sente revoltada com o fato de que os turistas estão por toda parte da cidade. Vale lembrar que a Espanha é o terceiro país que mais recebe turistas no mundo, atrás apenas dos EUA e da França. O problema, neste caso, é que os seus moradores não têm sossego em praticamente nenhum lugar da cidade, e sofrem com os altos preços cobrados na cidade, em especial no que se refere a alimentação e entretenimento, por causa de tantos turistas…
Apesar da prevalente “turismofobia” em certos locais, de modo geral é cada vez maior o número de opções criativas oferecidas por empresas aéreas em diversas cidades do mundo. Esse é o caso, por exemplo, da companhia Swissair, que faz parte do grupo Lufthansa. Para agradar ao cliente, ela permite que um passageiro que saia do País com destino a Londres, por exemplo, faça uma “paradinha” em Zurique ou em Frankfurt, e passe ali alguns dias sem qualquer custo adicional. Trata-se do chamado “stopover”, que inclusive oferece um city tour como brinde. E essa já é uma prática comum em outras companhias aéreas – TAP, Alitalia, Air France/KLM, American Airlines, Emirates –, que têm oferecido outras “gentilezas” aos passageiros.
Outro exemplo interessante é o que vem sendo feito pela gigante francesa LVMH, proprietária da marca Louis Vuitton. A companhia está desenvolvendo um projeto de € 60 milhões, que visa transformar um jardim bem antigo de Paris – o Jardin d’Acclimatation – em um dos três maiores parques de diversões da França. Numa parceria com a Compagnie des Alpes, desenvolvedora de parques temáticos e resorts de esqui, a LVMH administra esse parque desde 1984, tendo uma participação de 80%. Recentemente as autoridades públicas de Paris renovaram por mais 25 anos a concessão da LVMH para essa área de 180.000 m2, localizada no oeste da cidade, e autorizaram a reforma do jardim e a construção de novas atrações no local. Vale lembrar que a Compagnie des Alpes e a LVMH são controladas pelo bilionário Bernard Arnault, e juntas desejam elevar o número anual de visitantes do parque de 2 milhões (a grande maioria turistas) para 3 milhões até 2025. Embora esse total ainda o deixe atrás da Disney de Paris, o novo parque ao atingir esse número passará à frente do Parc Asterix.
Nos EUA, por sua vez, já existem muitos hotéis onde a grande atração para os hóspedes é a possibilidade de praticar exercícios físicos em academias espetaculares, que contam com equipamentos moderníssimos. Em outras palavras, nesses hotéis – como o Houstonian Hotel, Club & Spa – o hóspede pode desfrutar de boa vida, pois tem à sua disposição três piscinas, nove quadras de tênis, aulas de spinnning, ioga e pilates. Tudo isso além de uma pista ao ar livre que se conecta a trilhas locais, quatro restaurantes e um spa completo.
Já em Los Angeles, a opção para quem curte exercícios físicos é o Los Angeles Athletic Club, um clube-hotel num edifício de 12 andares. O interessante é que os quartos ocupam apenas os três pisos superiores do prédio; os demais são andares que têm instalações voltadas para fitness, ou seja, dedicadas ao aprimoramento da condição física dos hóspedes. Num hotel comum, a proporção entre quartos e instalações seria totalmente inversa, não é mesmo? Na realidade, a história desse clube remonta à década de 1880, quando ele foi fundado com o objetivo de funcionar como o primeiro clube privado da cidade. Hoje, entretanto, ele é um hotel onde se pode ter aulas de ioga, praticar kickboxing, ciclismo, aeróbica etc. O hotel também conta com instalações para prática de squash, quadras de vôlei e basquete e uma piscina coberta projetada ainda na época da construção do edifício!!!
Bem, depois desses exemplos bem focados na oferta de “vantagens” para atrair visitantes, vale a pena mencionar um lugar que os turistas visitam especialmente para aproveitar a natureza. Esse é o caso da Islândia, onde os visitantes têm como objetivo esquiar e escalar geleiras. Há cerca de dez anos, a indústria do turismo islandesa era sazonal, e não oferecia opções durante o ano todo. Hoje a situação mudou! Em 2017 a Islândia recebeu 1,85 milhão de visitantes, 20% mais que em 2016. Isso é absolutamente incrível, em especial num país cuja população total é de apenas 335 mil habitantes – dos quais 125 mil vivem na sua capital, Reykjavík. Apesar dos fortes ventos registrados no inverno desse “país-ilha”, cerca de 30% dos turistas que visitaram o lugar nessa estação em busca da oportunidade de escalar as paredes de gelo na região.
Outro passeio típico na região, nos meses de inverno, é visitar a caverna de gelo, localizada no interior da geleira de Langjökull. Mas para o turista que não quer traçar seu próprio roteiro, basta recorrer ao básico, ou seja, o Círculo Dourado (Golden Circle), um tour de 300 km que inclui o parque Thingvellir, que já foi tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade. Nele, as placas tectônicas da Eurásia e da América do Norte se encontram formando um impressionante vale, o Geysir, onde jatos de água fervente são disparados em intervalos de 5 min a 10 min. Também fica ali a Gullfoss, que, como indica o foss do seu nome, é uma das mais impressionantes cachoeiras do País, entre as mais de 10 mil existentes na região.
Há muito mais coisas para se ver na Islândia, como a aurora boreal, por exemplo. O fato é que o país tem aproveitado muito bem o dinheiro que é gasto ali pelos turistas, que a cada ano chegam em maior número para aproveitar o local.
Conteúdo produzido pela redação da revista Criática.