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GASTRONOMIA

S

em dúvida, o McDonald’s é uma refe-

rência no setor de

fast-food

(”refeição

ligeira”) e tem sido alvo constante de

campanhas contra

obesidade

, tendo a fren-

te os mais famosos

chefs

do mundo. Por

esse motivo, tem passado boa parte dos

últimos anos tentando melhorar a sua ima-

gem em diversos países. Pressionado pela

opinião pública, ampliou o seu cardápio e

investiu em produtos como saladas,

wraps

(“lanches enrolados”) e frutas, na tentativa

de atender à exigência de oferecer alimen-

tos saudáveis. Essa “reinvenção” foi imple-

mentada, entretanto, ela não se traduziu

em aumento dos lucros, mas ao contrário

na sua significativa queda, como aconteceu

em 2014, registrando um dos piores anos

da sua história. Em vista desse resultado,

a maior rede de

fast-food

do mundo decidiu

voltar às origens

e colocar no centro de

suas atividades a oferta do produto que a

consagrou:

o bom e velho hambúrguer

!!!

O responsável por essa guinada foi o

próprio presidente mundial do McDonald’s,

Steve Easterbrook, que assumiu esse posto

em março de 2015. Logo no início de sua

presidência ele comunicou: “Vamos trans-

formar-se em uma moderna companhia de

hambúrguer. Nesse sentido, se fará uma

reestruturação, com premissas como a sim-

plificação do cardápio e termos foco nos pro-

dutos que o cliente deseja. O nosso objetivo

básico vai ser o de oferecer um hambúrguer

de maior qualidade, feito com ingredientes

melhores.”

Recorde-se que na tentativa de agradar

a todo mundo, em especial a Organização

Mundial de Saúde (OMS), o McDonald’s au-

mentou de 85 para 120 o número de itens

do seu menu entre 2007 e 2015. Lamenta-

velmente, a operação ficou mais cara e com-

plexa, e o pior: os novos produtos não aju-

daram a incrementar vendas. Constatou-se

que apesar das opções saudáveis, o cliente

do McDonald’s quer comer hambúrguer e

batata frita!!!

Paulo Camargo, presidente da Arcos Dorados no Brasil, que ad-

ministra as lojas McDonald’s no País, disse: “O que se percebe é

que as saladas não são uma classe de alimentos de destino para

o nosso negócio, pois sua venda não chega a 2% da receita toda.

Quem vai até o McDonald’s e compra salada é, em geral, quem não

gosta de McDonald’s e está apenas acompanhando um cliente mais

fiel. No Brasil, um dos nossos maiores fracassos foi a alteração do

combo infantil Mc Lanche Feliz, quando em 2011 resolvemos incluir

uma maçã, descascada, cortada e embalada, para acompanhar o

lanche. Com isso foi necessário reduzir um pouco a quantidade de

batatas que acompanhava o lanche e aí muitas mães reclamaram

(!?!?), pois disseram que seus filhos queriam ir ao McDonald’s por

causa das batatinhas e que eles jogavam a maçã fora.

Os chamados produtos saudáveis não impactaram positivamente

no fluxo de caixa da rede. Os nossos últimos lançamentos mostram

claramente que estamos seguindo o plano do presidente Steve Eas-

terbrook.

Desde o início de 2016, a rede promoveu cinco sanduíches – to-

dos com mais de

1.400 calorias

. O mais potente, o

Grand Big Tasty

,

uma versão turbinada do

Big Tasty

, soma 1.921 calorias no combo

com batata frita e refrigerante médios. O nosso foco é em sanduí-

ches robustos, pois a frequência do cliente assíduo é

duas vezes

por mês

e ninguém vai engordar comendo aqui duas vezes por mês.

Temos também o

Club House

, que vem com dois hambúrgueres,

bacon

mais grosso, queijo

cheddar

e cebola caramelizada, sendo o

primeiro sanduíche da linha Signature, que tenta aproximar a rede

das hamburguerias artesanais. O

Club House

é uma plataforma glo-

bal, que representa a parte

premium

no nosso cardápio atualmente.”

Se de um lado a proposta dos McDonald’s é fornecer um serviço

menos padronizado

aos seus clientes, o movimento sindicalista

nos EUA ameaça a sua concretização. Está em evolução o movimen-

to

Fight for $15

, ou seja, a pretensão do estabelecimento de um piso

mínimo de US$ 15 por hora trabalhada por um funcionário da rede.

Se isso ocorrer, os executivos da indústria de

fast-food

dizem que

esse valor forçaria restaurantes a

substituírem

os funcionários por

empacotadores de batata robotizados, máquinas de virar panquecas

e o uso de outras tecnologias automatizadas.

Será que daqui uns cinco ou dez anos, ao se entrar num

McDonald´s seremos atendidos por um robô?

Não duvide disso...

MCDONALD´S

PROCURA

SE RENOVAR PARA

VOLTAR A TER LUCRO

O nosso foco é em sanduíches robustos, pois

a frequência do cliente assíduo é

duas vezes

por mês

e ninguém vai engordar comendo

aqui duas vezes por mês.

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A