sa, duas guerreiras e algumas nobres muito
influentes. Em comum, todas conseguiram
chegar perto de seus objetivos e sobreviver,
o que, para os parâmetros do seriado, foi
muito relevante. Isso bastou para que mui-
tas feministas já começassem a batizar as
filhas com nomes de personagens. Algumas
outras feministas, entretanto, acham que
na série apenas reafirmou-se as disputas
que existem no mundo real pelo poder entre
mulheres e homens.
Sem dúvida, um mérito da série foi rom-
per com a hegemonia dos homens, como
é o caso de Daenerys Targaryen, que co-
meçou como garotinha indefesa e virou
conquistadora de terras e povos. Mas nela
exagerou-se no uso da nudez feminina, com
o que a série se tornou mais machista que
o próprio livro, explorando o corpo da mulher
como objeto sexual.
Quem se valeu muito de como as mulhe-
res se apresentam no seriado foi a moda,
com diversas grifes exibindo agora nos seus
desfiles a indumentária gótica, com cores
de folhas secas e brilhos aplicados, recrian-
do a estética medieval.
A série de TV guiou, mesmo que de for-
ma não declarada, temporadas como as de
inverno de 2015 da grife Versace e as de
verão de 2014 do norte-americano Marc Ja-
cobs e da marca brasileira Animale. O preto
e vinho definiram a cartela das coleções.
Os seus
looks
têm capuzes, ombros altos
e texturas de pele que remetem a arma-
duras. O italiano Riccardo Tisci colocou na
alta-costura e no
prêt-à-porter
da Givenchy
todos esses símbolos. Deve-se lembrar que
antes dele o britânico Alexander McQueen
(1969-2010) foi um dos pouco a investir
nessa mistura de força bruta e feminilidade,
vista com reticência pelo olimpo da moda
no início dos anos 2000.
Indiscutivelmente, o sucesso do seriado
Game of Thrones
que se passa nessa terra
da fantasia, Westeros inspirou-se no que se-
ria o Reino Unido na Idade Média e isso fez
surgir, em maio de 2016, uma outra série
bem parecida,
O Último Reino
, uma versão
mais realista da Inglaterra no século IX.
A série
O Último Reino
foi produzida pela
BBC, baseada nos romances históricos que
formam as
Crônicas Saxônicas
, de Bernard
Cornwel, tornou-se uma grande aposta do
History Channel para alcançar uma audiên-
cia por meio da ficção, com muitas cenas
de batalhas bem sujas, entretanto, sem a
presença de dragões...
O ator Alexander Dreymon, que interpre-
tou o personagem fictício Uhtred, comentou:
“Tenho muito orgulho de saber que a nossa
série seja comparada a
Game of Thrones
,
entretanto, nela, a maior parte das pessoas
e eventos é histórica, porém os temas têm
a ver com a atualidade, como a busca pela
identidade e as consequências das guerras.
No fim das contas, essas pessoas estavam
atrás das mesmas coisas que nós, tentan-
do ser felizes ou livres.”
Leofric (Adrian Bower,
a esquerda) e Uhtred
(Alexander Dreymon).
43
S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 6