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A

gaúcha Bruna Antunes criou o cur-

so Bordado Empoderado em 2016

e um pouco mais de um ano foram

atendidos cerca de 400 alunos em 45 cur-

sos, na sua maioria mulheres...

Comentou Bruna Antunes: “O bordado

ocupa as mãos e o cérebro, é onde organizo

as minhas ideias. Eu me afastei um pouco

quando tinha uns 18 anos, por atribuir a ele

um valor negativo, mas, quando precisava

me acalmar, acabava voltando, nem que

fosse para fazer pontos aleatórios num te-

cido. Foi a minha avó que me ensinou as

técnicas do bordado e agora estou passan-

do os meus ‘conhecimentos’ para muitas

novas interessadas.”

Priscila Mengue escreveu no jornal

O

Estado de S. Paulo

(12/3/2017), o interes-

sante artigo

Clubes de bordado conectam

jovens

, no qual descreveu que por

hobby

ou para melhorar a renda, mulheres na fai-

xa dos 20 e 30 anos estão se apegando bas-

tante à agulha, linha e bastidor.

Ele relatou que Renata Dania, junto com

outras cinco amigas, criou, em 2013, o co-

letivo Clube do Bordado com a intenção de

“valorizar o peso que o bordado carrega, de

resgatar a memória das mulheres, perpe-

tuando esse aprendizado de geração para

geração.”

Pois bem, em um pouco mais de três

anos, o Clube do Bordado já teve mais de

cinco mil alunos em cursos presenciais e 85

mil em plataformas a distância. Esse é um

evidente exemplo no País do crescimento

das

artes manuais

entre jovens mulheres

que recorrem à técnica do bordado para

ter um agradável passatempo ou inclusive

como uma alternativa de geração de renda,

numa época de crise econômica e um gran-

de desemprego no Brasil.

Naturalmente, a Internet ajudou muito

para impulsionar o fenômeno do aprendi-

zado do bordado, conectando pessoas com

interesses comuns e facilitando o seu aces-

so a informações, como imagens de peças

executadas e vídeos de como eram feitos

os trabalhos.

Dessa maneira também proliferam os

cursos (tutoriais) sobre tricô, crochê etc.,

isso porque além do artesanato ser um

hobby

, tornou-se para a nova geração uma

possibilidade de uma manifestação política.

Pois é, a arte com os fios virou, para

muitas pessoas, um modo de discutir

ideias e torná-las acessíveis a um público

mais amplo. O ativismo se torna visível,

por exemplo, nos temas das peças execu-

tadas, nos quais são frequentes costuras

que tratam de violência contra a mulher,

questionamento dos padrões de beleza,

reafirmação do corpo feminino e uso de

frases de contestação. Aliás, algumas

dessas criações foram exibidas pelas mo-

delos nos desfiles da 43ª edição do SPFW

(ver matéria específica nesse número da

Criática

).

Que bom que tanta gente está se vol-

tando ao bordado nessa era em que os jo-

vens só mexem muito as suas mãos para

acionar ou procurar algo nos seus

smart-

phones

, não é?

OS CLUBES DE BORDADO

ESTÃO PROLIFERANDONO BRASIL

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A

ARTESANATO