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MODA

E

ntre os dias 20 e 24 de fevereiro de 2018 aconteceu a

Semana da Moda de Milão. E não se pode deixar de lem-

brar que a moda italiana ganhou uma injeção de beleza

e novidade a partir de 2015, o que continua se confirmando

claramente no desfile da coleção outono/inverno 2018/2019,

com o que revelaram suas marcas mais importantes.

Os criativos estilistas das marcas italianas mostraram que

estão atentos à queda nas vendas – em especial pela redução

no volume de compras pelos consumidores chineses –, e se

esforçam para apresentar desfiles atraentes e não correrem o

risco de serem demitidos.

No desfile do estilista Alessandro Michele, ele imaginou

um universo pluralista, reconstruído com os pedaços e as so-

bras do apocalipse. Assim, seus modelos caminharam apáticos

em um ambiente estéril, segurando réplicas de suas cabeças e

bichinhos de estimação selvagens (uma obra da Makinarium,

uma empresa italiana de efeitos especiais). Também passa-

ram modelos de véu bordado com um

chador

muçulmano re-

construído, e outras com vestidos que aludiam ao hábito das

freiras.

A Miuccia Prada fez de tudo para que no seu desfile fos-

sem lembrados movimentos como o

MeToo

e o

Times Up

, en-

gendrados por atrizes e celebridades para combater o assédio

sofrido pelas mulheres. Assim, as cores ácidas aplicadas em

conjuntos e vestidos foram sobrepostas com pesados casacos

de náilon acolchoados, seguramente sugerindo o quanto as

mulheres têm de se proteger em suas caminhadas noturnas...

Por sua vez, Emílio Pucci mostrou belos casacos de lante-

joulas, peças de

lingerie

usadas como roupa exterior e toda

sorte de

jersey

, que, combinado com os padrões sinuosos dos

desenhos, remetiam às imagens dos anos 1950, década da

fundação de marca. Essa coleção causou

certo impacto visual, mais pelo uso indiscri-

minado de estampas, cores e silhuetas que

pelo resultado final em termos de imagem.

Já no desfile da Cavalli, o estilista Paul

Surridge desenterrou alguns signos da

marca que haviam ficados perdidos desde

os anos 1990, como as estampas animais,

terninhos e vestidos drapeados circulares,

e então os mesclou à alfaiataria decotada

da atualidade. Também foi possível vislum-

brar suas famosas calças

jeans

bordadas

com paetês, só que dessa vez nos corpos

dos homens, assim como costumes tipica-

mente masculinos, acinturados nos corpos

das mulheres.

A Tod’s, por sua vez, explorou a elite

que costuma viajar para curtir o lazer nas

montanhas, montar cavalos de raça e que

não se desgruda dos animais de estimação.

Tudo isso foi representado no desfile pe-

los filhotes de cães carregados nos braços

pelas modelos cobertas por casacos de lá

e couro. Elas exibiram ainda botas pesadas

de veludo e coturnos, que conviveram num

mesmo espaço com itens utilitários reple-

tos de bolsos e zíperes.

No caso da Versace, pode-se dizer que

a marca fez um dos melhores desfiles do

evento, e provavelmente de toda a carreira

de Donatella Versace à frente da marca do

A

SEMANA DAMODA

DE MILÃO

Desfile da Tommy Hillfiger.

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