MODA
A
ntes da realização da 41ª edição da
São Paulo Fashion Week (SPFW), Pau-
lo Borges, criador do calendário de
moda nacional e organizador do evento há
21 anos afirmou: “ A partir de 2017, muda-
remos as datas de desfiles para deixá-los
bem próximos ou mesmo simultâneos aos
lançamentos no varejo. Os desfiles deverão
ser em fevereiro e em julho (ou início de
agosto). A moda é global, o desejo é glo-
bal. Não é a estação do ano que impulsiona
a venda. Por isso, não vamos mais colocar
na nomenclatura da SPFW nem primavera/
verão nem outono/inverno. Nessa 41ª edi-
ção da SPFW conseguimos quatro novos
patrocinadores, o que é bastante revelador
apesar de vivermos um momento de
crise
econômica
, quando muitas coisas estão
sendo canceladas, as empresas continuam
apostando na nossa seriedade e na impor-
tância da moda.”
A SPFW foi aberta em 25 de abril de
2016 e a maioria dos 37 desfiles foi reali-
zada no prédio da Bienal no parque do Ibi-
rapuera. Ela foi até o dia 29 de abril e na
sua preparação e apresentação de todos os
eventos foram criados cerca de
11 mil em-
pregos diretos e indiretos
.
Na coleção da estilista Lily Sarti, que
abriu as apresentações na Bienal, notou-se
que suas peças eram bem fluídas, fugindo
do superjusto. Ela comentou: “Eu me inte-
resso em fazer roupas que deixam a mulher
bonita
e
feliz
. Quando a gente está para
baixo, é bom vestir uma roupa que levanta
o astral.”
Notou-se que novo
sexy
da sua marca é
relaxado, é
cool
. Lily Sarti ficou famosa pela
sua moda
boho
/
folk
, mas agora o seu char-
me evidenciou-se no jogo de comprimentos
e nas sobreposições de texturas diferentes.
As estampas trouxeram elementos místi-
cos, como cartas de tarô e a serpente do
deserto, representando lendas e narrativas
sertanejas, baseadas nas xilogravuras do
artista pernambucano Gilvan Samico.
No segundo dia de desfiles da SPFW, fi-
cou evidente o jogo de opostos. O evento
começou na casa da estilista Paula Raia,
uma mansão no Jardim América, e acabou
no desfile apoteótico de Karl Lagerfeld para
a Riachuelo, no qual as roupas da coleção
foram trazidas em araras para a passare-
la imediatamente após o desfile – cerca de
duas mil peças de coleção – muitas das
quais tinham sido ali exibidas. Os 600 con-
vidados esvaziaram todos os cabides em
questão de minutos.
A 41
ª
EDIÇÃO DA
SÃO
PAULO FASHIONWEEK
A
moda
é global, o
desejo
é
global. Não é a estação do
ano que impulsiona a venda.
O criador da São Paulo
Fashion Week, Paulo
Borges.
MURILO GANESH/ FOTOSITE
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A