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N O V E M B R O / D E Z E M B R O 2 0 1 6
O
público digital tem sido minuciosa-
mente monitorado.
Entretanto, a abundância de dados,
geralmente gerados automaticamente por
plataformas de Internet, em direta concor-
rência umas com as outras, trouxe um desa-
fio sobre se os números contabilizados são
realmente confiáveis (!?!?), uma vez que
cada rede social tem uma métrica diferente.
Durante décadas, especificamente o pú-
blico da TV nos Estados Unidos da América
(EUA) foi medido principalmente por uma
empresa, a Nielsen, que o expressava na
forma de uma classificação relativamen-
te fácil de compreender, tendo sido usada
como a principal referência para definir o
valor de venda de intervalos de 30s e 60s
para os assinantes.
Infelizmente, o vídeo digital acabou per-
mitindo uma vasta proliferação de formatos.
Assim o Facebook conside-
ra cada vídeo como visualiza-
do depois que este é exibido
por apenas
três segundos,
como faz também o Twitter.
O Vine, no qual os vídeos
costumam se limitar a seg-
mentos de
seis segundos
em
reprise, conta o filme como
visualizado depois de chegar
ao fim.
O Snapchat, que não exibe
publicamente o número de vi-
sualizações, considera as pos-
tagens visualizadas após um
segundo de exibição!!!
O Instagram, que hospeda
vídeos de até um minuto, con-
sidera cada segmento assisti-
do após três segundos!?!?
O Vimeo, no qual os vídeos hospedados podem ser muito
mais longos, conta as visualizações instantaneamente, assim
como faz o Twitch, onde as transmissões podem durar horas.
O YouTube nunca revelou totalmente seus métodos de conta-
gem de visualizações, entretanto os especialistas “acham” que
a marca é alcançada perto dos 30’s de exibição.
Para a indústria de publicidade, as medidas de público se
traduzem diretamente em dinheiro (dólares, reais, euros, libras
etc.) e quantias, e os diferentes métodos de contabilizar as
visualizações
tornam-se problemas bem sérios
– além do fato
de toda a informação ser coletada pela própria empresa de
tecnologia.
É por isso que em abril de 2016 o Facebook reconheceu
publicamente que durante anos a sua
métrica
de visualizações
de vídeos foi calculada de
maneira equivocada
, dando aos seus
parceiros a impressão que as exibições tinham sido vistas por
mais tempo, em média, do que na realidade!?!?
Bob Liodice, diretor executivo da Associação de Anunciantes
Nacionais, um grupo que representa a indústria norte-america-
na, afirmou: “Com mais de US$ 6 bilhões por ano em mídia de
marketing
sendo canalizados para o Facebook, está mais do que
na hora que a empresa – bem como as outras grandes partici-
pantes nesse segmento – seja alvo de uma rigorosa auditoria.”
O Facebook se movimentou e fez
uma série de acordos com Integral
Ad Science, comScore e Nielsen
para que realizassem verificações
independentes das visualizações,
bem como a empresa Moat, que
está buscando padronizar algumas
formas de medição para
sites
que
hospedam vídeos.
O fato é que se não surgirem
metodologias de medição confiá-
veis, não será possível convencer os
anunciantes a transferir uma parte
maior de seus gastos da TV – que
sempre recebeu o maior investimen-
to – para o formato digital. Assim,
esse “tropeço” do Facebook pode,
inclusive, representar uma diminui-
ção dos investimentos nos
sites
que
hospedam vídeos!!!
COMOMEDIR A
AUDIÊNCIA DO
PÚBLICO DIGITAL?
Bob Liodice, especialista em medição
de audiência do público digital.