Mas voltando a Billund, a empresa tem agora
na cidade um incrível prédio repleto de criações
complexas, que vão desde uma árvore de 15m de
altura até uma coleção de dinossauros multicolo-
ridos, todos criados com um produto que quase
não mudou nesses últimos 70 anos!?!? Esse ver-
dadeiro “museu Lego” tem atraído dezenas de mi-
lhares de visitantes mensalmente.
A grande novidade, porém, é que a Lego tem
divulgado que no seu laboratório de pesquisas já
está procurando remodelar a peça que a tornou a
mais conhecida fabricante de brinquedos do mun-
do!!! Assim, seu objetivo é que até 2030 consiga
eliminar sua dependência do petróleo, e passar
cada vez mais a
se utilizar de materiais reciclados
com base em fibra vegetal
!!!
Claro que esse desafio não é pequeno, pois es-
ses blocos feitos com um novo material também
precisam se juntar e separar facilmente uns dos
outros, manter as suas cores vibrantes e brilhan-
tes e ainda conseguir “sobreviver” quando even-
tualmente caírem nas máquinas de lavar roupa ou
até mesmo nos vasos sanitários...
O que a Lego quer fazer é, fundamentalmen-
te, mudar os ingredientes dos seus bloquinhos.
Porém, a empresa deseja manter o produto exa-
tamente como é!?!? Henrik Ostergaard Nielsen,
supervisor de produção da fábrica da Lego em
Billund, explicou: “No mundo todo os consumido-
res se mostram cada vez mais alarmados com o
impacto do lixo plástico sobre o meio ambiente, e
há um número cada vez maior de empresas que já
estão tentando usar material de embalagem reci-
clado ou menos poluente.
Para nós, na Lego, o problema é mais complica-
do, visto que o nosso plástico não está nas emba-
lagens, mas sim no próprio produto. Temos uma
fábrica totalmente automatizada na qual tudo é
executado com a absoluta precisão de um reló-
gio. Trata-se de uma instalação enorme, na qual
as máquinas organizadas em fileiras fundem grâ-
nulos de plásticos e os transformam numa pasta
derretida que permite a moldagem de lotes de
blocos coloridos. Estes posteriormente são colo-
cados em carrinhos autônomos e levados para um
armazém, de onde são distribuídos para o mundo
todo. Diariamente são produzidos
100 milhões de
peças
!!! Precisamos aprender a fazer isso com ou-
tros ingredientes, o que não será fácil, mas acredi-
to que sobrepujaremos esse desafio nos próximos
anos...”
Com uma produção de tantos milhões de blo-
quinhos por dia, a Lego emite um volume substan-
cial de CO
2
(dióxido de carbono) para o meio am-
biente – algo como 1 milhão de toneladas de CO
2
por ano, sendo que 75% dessa emissão se deve à
matéria prima que entra em suas fábricas.
A empresa, dentro de seu projeto de sustenta-
bilidade e responsabilidade ambiental, está ado-
tando uma dupla estratégia para reduzir esse vo-
lume. De um lado, até 2025 ela pretende impedir
que sua embalagem chegue aos lixões, eliminan-
do coisas como os sacos com as pecinhas dentro
das embalagens externas de papelão. Além disso,
está claro o seu desejo de que o plástico dos seus
brinquedos tenha como fonte as fibras vegetais
oriundas das garrafas recicladas.
O problema neste caso, como já mencionado,
é que basicamente, todo o plástico utilizado no
mundo é criado a partir do petróleo. Hoje a Lego
utiliza uma substância conhecida como acrilonitri-
la butadieno estireno (ABS), um plástico comum
usado nas teclas (teclados de computadores) e
nas capas de celulares. É duro, mas ligeiramente
elástico, tendo uma superfície polida.
Mas é justamente para livrar-se do uso do ABS
que a Lego já algum tempo procura de maneira
exaustiva por materiais novos e sustentáveis com
os quais possa fabricar suas peças. Para isso a em-
presa já contratou cerca de 100 profissionais e
investiu mais de US$ 10 milhões na pesquisa de
diversos materiais. Esses técnicos têm testado
metodicamente vários materiais para definir quais
deles são capazes de suportar pancadas fortes e
resistir às puxadas mais intensas. Eles também
têm feito testes para verificar se eles suportam o
calor do verão intenso quando manipulados em
ambientes como Dubai ou Arábia Saudita. Outro
item avaliado é a resistência da paleta de cores
brilhantes, que tornaram as peças dos brinquedos
Lego tão famosas, para saber se elas não se alte-
ram com a umidade ou a alta temperatura.
Como se nota, não será nada fácil encontrar o
novo material para substituir o ABS. E a Lego não
precisará estar atenta apenas a este problema,
mas também ao fato de que para se divertir as
crianças estão utilizando cada vez mais os dispo-
sitivos que permitem distrair-se com os
videoga-
mes
. Assim, seus concorrentes não serão apenas
os fabricantes de brinquedos tradicionais, mas
empresas como Sony, Microsoft, Activision Bli-
zzard etc. Vale lembrar que, apesar de ter obtido
lucro em 2017, sua receita caiu, o que levou a Lego
a cortar cerca de 1.400 postos de trabalho para
não voltar à grave condição financeira que viven-
ciou na década de 2000!!!
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