Desenho com
autorretrato
para publicação
em
Jornal
no Brasil
,
(04/11/2001).
Acervo Millôr
Fernandes / IMS
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J U L H O / A G O S T O / S E T E M B R O 2 0 1 8
nas uma breve passagempelo Liceu de Artes
e Ofícios. Trabalhando na revista
O Cruzeiro
como contínuo, aos 14 anos ele aproveitou
a convivência com os jornalistas e acabou
se tornando uma referência nesse meio.
Então, nos cerca de 18 anos em que escre-
veu a coluna
Pif-Paf
, foi ganhando cada vez
mais autonomia e passou a publicá-la sem
censura até 1963, sob o pseudônimo Vão
Gogo (numa clara alusão ao gênio holandês
da pintura Vincent Van Gogh).
Entre as peças preciosas exibidas nessa
mostra está a reprodução de um pedido de
desculpas dos editores de
O Cruzeiro
a lei-
tores furiosos com uma sátira de 12 pági-
nas da história bíblica da criação do mundo
feita por Millôr em 1963. Indignado, bem
na véspera do golpe militar ele transfor-
mou o
Pif-Paf
numa revista independente.
Porém, esse novo empreendimento infeliz-
mente teria vida curta... A partir daí Millôr
se tornaria um dos humoristas mais cen-
surados durante a ditadura – e na mostra
há vários exemplos de ilustrações proibidas
de circular pelo regime vigente, riscadas na
época com um enorme “X” pelos censores.
Vale ressaltar que todo esse material
exposto pelo IMS só está disponível hoje
porque o próprio Millôr, antes de morrer
– vítima das consequências de um aciden-
te vascular cerebral – deixou como legado
94 volumes reunindo todo o material que
ele havia publicado no jornal
O Estado de
S.Paulo
e nas revistas
O Cruzeiro
e
Veja
.
E para os amantes das artes visuais que
forem até o IMS para curtir a exposição
Millôr: Obra Gráfica
, uma ótima pedida é
caminhar cerca de 1 km e extasiar-se com
outra exposição deslumbrante, dessa vez
de um dos grandes artistas do Renascimen-
to: Rafael Sanzio. Em 19 de setembro de
2018 foi inaugurada no Centro Cultural da
Fiesp a mostra
Rafael e a Definição da Be-
leza – Da Divina Proporção à Graça,
cujas
imagens nunca antes estiveram no País.
Aliás, é bem fácil comprovar que São
Paulo é mesmo uma
cidade criativa
, uma
vez que aqui há sempre inúmeras ativi-
dades relacionadas a todos os setores da
economia criativa (EC)
acontecendo simul-
taneamente – e, em particular, no que se
refere às artes visuais. Em 7 de setembro
de 2018, por exemplo, foi aberta no Pavi-
lhão da Bienal a 33ª Bienal de São Paulo,
onde estão expostas cerca de 600 obras de
arte vindas de diversas partes do mundo.
Essa edição deve atrair mais visitantes que
as anteriores, pois segundo as palavras do
seu curador, o espanhol Gabriel Pérez-Bar-
reiro: “A minha proposta foi a de aproximar
a arte e o público, trazendo uma mostra
menos centrada em discursos e mais preo-
cupada com a experiência que o visitante
teria ao observar o que está exposto!!!”
Capa de
Millôr: obra
gráfica
, duas vezes
finalista