Na Alemanha, a venda por US$ 152 mi-
lhões de retratos em
silk screen
de Elvis
Presley e Marlon Brando criados por Andy
Warhol foram desviados para financiar par-
cialmente a construção de um novo cassino
do governo. E a venda de obras do museu
de Münster podem servir para saldar as dí-
vidas de um banco estatal falido.
A demanda por arte é bem grande, ali-
mentada pelos bolsos fundos de muitas
pessoas ultrarricas, e a venda de uma única
obra pode render milhões de dólares. A es-
tátua egípcia do escriba Sekhemka, levada
a leilão no Reino Unido, foi arrematada por
US$ 27 milhões por um comprador
anôni-
mo
. O valor recebido foi dividido entre o mu-
seu de Northampton e um descendente do
doador, o marquês de Northampton.
As associações profissionais de museus
se queixam muito da pressão constante
exercida por políticos locais sobre os admi-
nistradores de museus para que entreguem
listas de obras de arte de alto valor que
possam ser incluídas em seus orçamentos
como ativos.
Eckart Köhne, da Associação Alemã de
Museus, que representa mais de 800 mu-
seus, enfatizou: “Eles tratam as obras como
se fossem uma reserva de ouro.” De fato, a
oportunidade de angariar recursos volumo-
sos é uma tentação também para governos
e instituições também nos Estados Unidos
da América (EUA). Em 2014, o Museu de
Arte de Delaware vendeu uma tela para aju-
dar a saldar US$ 19,8 milhões em dívidas.
Entretanto, essa iniciativa não deixou de ter
repercussões negativas. A Associação de
Diretores de Museus de Arte exortou seus
membros a não emprestarem mais as suas
obras a essa instituição.
A presidente da associação, Susan Tay-
lor, comentou: “Atitudes como essa compro-
metem fundamentalmente um museu e não
resolvem com eficiência as causas subja-
centes das dificuldades financeiras.”
No Reino Unido, depois da venda da está-
tua egípcia para pagar por uma reforma, o mu-
seu de Northampton perdeu suas credenciais
e o direito a receber verbas do governo nacio-
nal. A Associação de Museus do Reino Unido,
em março de 2015, comunicou que repudiaria
museus cujas vendas ignorarem diretrizes éti-
cas, considerando-as como responsáveis pela
“quebra da confiança entre o museu e o pú-
blico”. Já os defensores das vendas argumen-
tam que elas se justificam porque os museus
normalmente expõem só
cerca de 10% das
obras de arte que possuem
.
Alguns parlamentares franceses, por
exemplo, discutem a possibilidade de ven-
der alguns dos 500 mil objetos dos depósi-
tos do Museu do Louvre.
Em Münster, autoridades locais e espe-
cialistas em arte se esforçam para encon-
trar uma maneira de evitar a venda proposta
de cerca de 400 obras do acervo do banco
West LB,
pertencente ao governo
.
Enquanto isso, um grande número de
visitantes tem ido ao Museu do Estado da
Vestfália para ver as obras, possivelmente
pela última vez...
Hermann Arnhold relatou: “Dizem que
estão querendo vender nosso acervo de
arte. Então as pessoas estão vindo para
observar as nossas obras-primas e quem
sabe tocar na escultura de Henry Moore em
sua última oportunidade!!!”
“...Se você começar a
vender obras
importantes,
se desfaz de parte de
sua história. Mas
talvez tenhamos
que fazer isso
...”
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