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Paz –
Quatro instituições da sociedade
civil que, unidas em um fórum, o Quar-
teto Nacional de Diálogo Tunisiano, contri-
buíram para o processo de consolidação
democrática da Tunísia, ganharam o Nobel
da Paz, uma escolha bem “diferente” do co-
mitê de premiação.
A distinção coube à União Geral Tunisia-
na do Trabalho (UGTT), o maior sindicato do
país, o seu equivalente patronal, a União
Tunisiana da Indústria, do Comércio e do
Artesanato (Ugica), à Ordem Nacional dos
Advogados (ONA) e à Liga Tunisiana dos Di-
reitos do Homem (LTDH).
As quatro organizações agiram de forma
coordenada, em outubro de 2013, dialogan-
do em meio ao caos político que ameaçava
a estabilidade das instituições da Tunísia, o
país em que eclodiu a Primavera Árabe em
2011. Esse movimento derrubou o então
presidente do país, o general Zine Abdine
Ben Ali, que governava desde 1987.
O momento mais agudo da crise que se
seguiu à queda do líder tunisiano se deu
após a morte de Mohamed Brahmi, um de-
putado constituinte de tendência secular e
progressista assassinado por jihadistas na
cidade de Ariana, em 25 de julho de 2013.
Naquele momento, a Tunísia esteve à
beira do precipício, o que levou à queda do
primeiro-ministro islamista, Ali Larayedh,
eleito após a revolta.
O Quarteto Nacional de Diálogo foi, en-
tão, o artífice de um acordo multilateral que
resultou na formação de um governo tecno-
crata de transição, chefiado pelo primeiro-
-ministro Mehdi Jomaa, que assumiu a fun-
ção em 14 de dezembro.
Esse processo de negociação política,
ainda que frágil, garantiu a estabilidade de-
mocrática e abriu caminho para a realização
de eleições presidenciais e legislativas.
Kaci Kullman Five, presidente do comi-
tê de premiação, explicou: “Mais do que
qualquer coisa, o prêmio tem a intenção de
encorajar o povo tunisiano que, apesar dos
grandes desafios, estabeleceu estruturas
para uma fraternidade nacional que o comi-
tê espera que sirva de exemplo a ser segui-
do pelos outros países do mundo.”
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Química –
Os ganhadores desse prê-
mio em 2015 foram o sueco Tomas
Lindahl, de 77 anos, o norte-americano Paul
Modrich, 69 anos, e o turco Aziz Sancar,
também de 69 anos, por terem mapeado e
explicado como a célula repara o DNA.
Esse trio de pesquisadores abriu a “cai-
xa de ferramentas” das células e descobriu
quais mecanismos elas usam para reparar os
erros que aparecem ao DNA ao longo do ciclo
celular, preservando a informação genética.
No comunicado do comitê do Nobel divul-
gou-se: “Os estudos desse trio de pesqui-
sadores possibilitaram o mapeamento em
nível molecular, ou seja, como as células
reparam o DNA danificado e protegem a in-
formação genética. Seus trabalhos fornece-
ram conhecimento fundamental sobre como
uma célula viva funciona e são aplicadas,
entre outras coisas, no desenvolvimento de
novos tratamentos contra o câncer.”
Ao contrário do que se pensava na déca-
da de 1970, a molécula do DNA é altamen-
te instável e diariamente sofre milhares de
modificações espontâneas que a danificam.
Integrantes do Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia, a partir da esquerda: Houcine Abbassi, Wided Bouchamaoui, Abdessattar ben Moussa e
Fadhel Mahfoudh.
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