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F

rans Krajcberg nasceu em 12 de abril

de 1921 na Polônia. Muito jovem, viveu

uma tragédia terrível quando viu a mãe,

o pai, os irmãos serem enterrados vivos na

Polônia durante a Segunda Guerra Mundial

(1939-1945).

Isso o abalou para sempre...

Por incrível que pareça, foi na Alemanha

que conseguiu estudar arte, onde conheceu

Marc Chagall, para o qual contou a tragédia

da sua família.

Frans Krajcberg relatou: “Marc Chagall

me ouviu atentamente e então se deitou no

chão e ficou muito tempo deitado, só choran-

do!!! Foi ele quem me arranjou dinheiro para

pagar a passagem num navio italiano que me

trouxe ao Brasil, o qual saiu da França.

Cheguei ao Rio de Janeiro e durante uma

semana fiquei dormindo ao relento, na praia

do Flamengo. Depois consegui ir para São

Paulo, onde encontrei um homem maravilho-

so, chamado Cicillo Matarazzo. Ele me deu

trabalho no seu museu, para ajudar na mon-

tagem. Em seguida, viu as minhas pinturas

e gostou tanto que duas delas foram expos-

tas na 1

ª

Bienal de São Paulo, em 1951.

Nos anos 1950, fui assistente de Alfre-

do Volpi e dividi um ateliê com Franz Weis-

smann, tendo sido considerado o melhor

pintor na Bienal de São Paulo em 1957 e

aí usei o dinheiro para viajar à França e à

Espanha. Em Ibiza, morei numa gruta e fiz

impressões em telas com terra e pedras,

sendo que com trabalho desse período ven-

ci a Bienal de Veneza de 1964.

Ao voltar para o Brasil, na década de

1950, comecei a viver numa caverna, no

Pico de Cata Branca, na região de Itabirito,

no interior de Minas Gerais, onde ganhei o

apelido de ‘barbudo das pedras’, por viver

isolado, mexendo coma pedras na beira do

rio, levando uma vida solitária, mas produzin-

do incessantemente gravuras e esculturas.

Fiz várias viagens à Amazônia e subi o rio Ne-

gro de barco com o crítico Pierre Restany e o

pintor Sepp Baendereck. Juntos escrevemos

o Manifesto de Naturalismo Inteligente ou o

Manifesto do Rio Negro, pregando a valoriza-

ção da percepção da natureza.

No texto, salientamos que ‘a natureza

original deve ser exaltada como uma higiene

da percepção e um oxigênio mental’ e isso

tem sido lido nos eventos da Conferência

do Clima, como a que ocorreu

em Paris em

2015.

Foi o meu amigo e arquiteto Zanine Cal-

das que me convidou a mudar para Nova

Viçosa, no Estado da Bahia, visto que ele al-

mejava transformá-la em um polo cultural. A

ideia me encantou, ou seja, de viver dentro

da mata atlântica e desde 1972 estou no

meu sítio Natura, em Nova Viçosa, vivendo

FRANS KRAJCBERG:

O

ARTISTAQUE TEMUMA

CASA NA ÁRVORE...

ARTES VISUAIS

Frans Krajcberg vive

há muitas décadas

em Nova Viçosa.

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A