menos com estilos e mais com as formas
orgânicas. Um exemplo claro disso são as
colunas arborescentes inclinadas e as abó-
badas baseadas em paraboloides do tem-
plo da Sagrada Família que buscam imitar
formas presentes na natureza e trazem em
sua matemática rigorosa as marcas da geo-
metria sagrada.
Como Gaudí foi um católico fervoroso,
ele rejeitou as formas do gótico (por não
refletirem a natureza). Ele projetou 18 tor-
res – 12 para os apóstolos, uma para Jesus
Cristo, outra para a Virgem e mais quatro
para os evangelistas – procurando estar o
mais perto possível do mundo natural.
Gaudí foi ajudado na construção do mo-
dernismo catalão por pintores como Isidre
Nonell, Ramón Casas, Santiago Rusiñol etc.,
e por escultores como Josep Llimona i Bru-
guera, que também procuraram reprodu-
zir a natureza fosse na tela, nos desenhos
de móveis ou nos ladrilhos usados espe-
cialmente por Gaudí para decorar a parte
interna de seus projetos. O que se espera
agora é que de fato seja concluído o templo
da Sagrada Família, considerado a obra pri-
ma de Gaudí; o que seguramente ajudará a
atrair mais turistas à Barcelona.
Infelizmente não são apenas os projetos
de Gaudí que continuam inacabados. Exis-
tem outros, como é o caso de complexo
projetado pelo renomado arquiteto Oscar
Niemeyer (1907 – 2012), que deveria ser o
cartão postal de Trípoli – a segunda maior
cidade do Líbano – que já consumiu muito
dinheiro, teve sua construção interrompida
diversas vezes, resistiu a uma guerra e es-
pera ser concluído.
No projeto inicial havia um conjunto de
15 edificações espalhadas por uma área de
400.000 m
2
, para encarnar no começo dos
anos 1960 um Líbano exuberante em sua
economia e, ao mesmo tempo, vanguardis-
ta no urbanismo. A âncora dessa obra seria
um pavilhão de 640 m de comprimento por
70 m de largura, dotado de uma voluptuo-
sa cobertura em formato de bumerangue.
A intenção era reinventar o que acon-
tecia nas grandes feiras internacionais. A
ideia era alojar todas as delegações (ou os
expositores) sob um mesmo teto, o que
constrangeria o exibicionismo, nivelaria os
estandes e estimularia o intercâmbio en-
tre as entidades participantes na feira!!! A
representação libanesa seria a única a ter
um perímetro exclusivo, um retângulo de
fachadas picotadas por arcos pontiagudos
que deveria servir como vitrine para as ex-
portações nacionais.
Lamentavelmente, tudo o que o minis-
tério da Cultura do Líbano consegue fa-
zer atualmente é tentar obter para o local
o título de
patrimônio da humanidade
,
concedido pela Unesco, e definir para os
próximos anos algumas reformas nesse
complexo, que hoje é um elefante branco,
com espelhos de água desérticos e muita
desolação, pois as suas construções mais se
parecem com ruínas.
Em contrapartida, para falar de uma
edificação imponente e que ficou pronta,
basta lembrar da Índia, onde no final de
outubro de 2018 foi inaugurada a estátua
mais alta do mundo, com 182 m!!! Trata-
-se de uma estrutura construída sobre uma
barragem na província de Gujarat (no oes-
te da Índia), que homenageia um herói da
independência do país, Sardar Vallabhbhai
Patel.
No projeto foram utili-
zadas 1850 t de bronze, e
o canteiro de obras mobili-
zou nada menos que 3.400
operários e 250 engenhei-
ros e arquitetos. A obra
consumiu R$ 1,5 bilhão, e
rendeu ao primeiro-minis-
tro indiano Narendra Modi
muitas críticas por esse
gasto faraônico!!!
De qualquer modo, essa
construção superou em al-
tura a estátua do Buda no
templo da Primavera, em
Lushan (na China), com
128 m de altura. Para efeito
de comparação, nossa es-
tátua mais alta e famosa é
a do Cristo Redentor no Rio
de Janeiro, que com seus
38 m de altura atrai muitos
milhares de visitantes por
ano, e é exatamente isso
que a Índia espera conse-
guir com seu novo monu-
mento!!!
A maior estátua
do mundo. Uma
homenagem a Sardar
Vallabhai Patel, em
Narmada na Índia.
VIJAYSINGH8T8 / SHUTTERSTOCK.COM
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