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Para se ter inovação é necessário ter
também um excelente capital humano, em
especial de profissionais como engenheiros
bastante criativos. Mas também cabe res-
saltar que não só no Brasil, mas também
em países desenvolvidos, e no mais podero-
so de todos, os EUA, o ensino da engenha-
ria não é adequado.
O professor Donald Sadoway, do Massa-
chussetts Institute of Technology (MIT), uma
das instituições de ensino superior mais re-
nomadas do momento, especialmente pela
pesquisa em ciências, engenharia e tecno-
logia, destacou: “Falta às universidades en-
sinarem aos futuros engenheiros desenvol-
verem mais a sua capacidade de criação.
Identificar o problema é só metade do tra-
balho. Esse profissional precisa ser capaz
de construir algo melhor. Deve-se despertar
mais o seu lado artístico.
Em tempos em que a expressão da
moda é
big data
(grande quantidade de da-
dos), o ensino de engenharia precisa passar
por uma mudança que mova o foco de ha-
bilidades analíticas para outras mais sinté-
ticas. Os engenheiros devem ser melhores
em construir coisas no lugar de fazerem
diagnósticos.
A engenharia é uma ciência aplicada e,
dessa maneira, o engenheiro precisa ser
um inventor. A ciência deve ser usada a ser-
viço da humanidade, e isso significa que o
ensino da engenharia deve se dedicar mais
a aspectos sociais dentro das disciplinas
técnicas. Se alguém analisar quem vira CEO
(
chief
executive officer
, ou seja, o executi-
vo principal) de um empresa tecnológica,
constatará que raramente é um engenheiro.
Hoje, não adianta apenas ser capaz de che-
gar à resposta certa, é preciso convencer os
outros da validade de sua resposta.
Eu diferencio muito o estudante de um
estudioso. O estudante quer aprender para
passar na prova, o estudioso quer aprender
porque está curioso e quer se aprofundar
no assunto.
No MIT, já há quase 40 anos, um quarto
dos cursos de graduação em engenharia é
constituído por disciplinas não técnicas e
não somente temas relacionados a negó-
cios, gestão ou liderança. São matérias dos
departamentos de artes e ciências sociais,
lecionadas com o mesmo rigor das discipli-
nas técnicas.
Caso se queira formar um engenheiro
melhor, não se deve empurrar mais conteú-
do técnico para eles, e sim o expor a mais
disciplinas humanas, para expandir sua
mente.”
Observação importante
– Em projeto
com alunos do MIT, Donald Sadoway de-
senvolveu a bateria com metal líquido, uma
novo forma de energia renovável que pode
ser usada em grande escala. Se você qui-
ser, pode entrar no
site
de palestras TED e
assistir a uma apresentação do professor
(já foi assistida mais de 1,7 milhão de ve-
zes), cujo nome já foi incluído pela revista
Time
em 2012 entre as
pessoas mais in-
fluentes do mundo
!!!
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No MIT, já há quase
40 anos
, um
quarto dos cursos de graduação em
engenharia é constituído por disciplina
não técnicas e não somente temas
relacionados a newgócios, gestão
ou liderança. Sãomatérias dos
departamentos de
artes e ciências
sociais
, lecionadas comomesmo rigor
das disciplinas técnicas.
Um aspecto do MIT, cujos alunos têm aberto empresas muito criativas.
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