P&D
R
alph Liedert trabalha no VTT Tech-
nical Research Centre, na Finlândia,
onde faz parte de uma equipe que
se dedica ao estudo do florescente
campo
da microfluídica
.
Um dia ele estava com a sua filha na fila
de um brinquedo da Disneylândia, suando
em bicas sob o sol da Califórnia quando
surgiu a ideia: que legal seria se a camise-
ta que estava vestindo tivesse um sistema
de refrigeração que pudesse ser acionado,
sempre que necessário, como os tantos
aplicativos que existem nos
smartphones
?
E aí, ele pensou que o seu departamento
de microfluídica do VTT seria capaz de pro-
duzir algo.
Ressalte-se que coletes dotados de refri-
geração já existem e são usados por pilotos
de corrida, motociclistas e certos profissio-
nais, como operadores de grandes forna-
lhas, que trabalham ambientes sob altas
temperaturas. Porém os tubos por onde a
água refrigerada circula, e a necessidade de
que os coletes estejam conectados a uni-
dades externas, responsáveis por resfriar
a água em circulação, fazem com que eles
sejam pesados e desconfortáveis.
Já a microfluídica é a arte de desenvol-
ver dispositivos que funcionam com quan-
tidades minúsculas de líquido. Um impor-
tante desenvolvimento do VTT foi o método
que possibilitou imprimir canais microfluídi-
cos em grandes bobinas de plástico fino e
flexível, que então podem ser recortadas e
transformadas em dispositivos individuais.
O processo, chamado de estampagem a
quente (
hot embossing
), é mais rápido e
barato do que os métodos convencionais
como a fotolitografia do tipo empregado na
fabricação de
chips
de computador.
Ralph Liedert achou que o método tam-
bém serviria para produzir um tecido mi-
crofluídico que fosse fino e confortável o
bastante para ser usado como um
colete
refrigerador
.
Tendo construído o seu primeiro protóti-
po, a equipe do departamento de microfluí-
dica do VTT comprovou ser realmente viável
produzir uma peça como essa e utilizá-la
como meio de circulação de água resfriada.
A ideia original era costurá-la num paletó,
mas os pesquisadores notaram que os re-
sultados eram muito melhores quando o
tecido microfluídico estava em contato com
a pele da pessoa. É por isso estão desen-
volvendo agora um segundo protótipo, que
cobre o pescoço e os ombros da pessoa e
pode ser usado por baixo de uma camise-
ta. Nele, um dos desafios é o sistema de
refrigeração, que o usuário poderá operar
manualmente.
No entanto, não se pode esquecer que
todo dispositivo que refresca também é
capaz de aquecer – basta ser posto para
funcionar em sentido inverso. Na Finlân-
dia, onde no inverno a temperatura chega
a -50ºC, talvez seja esse o aplicativo que
acabará consagrando essa tecnologia que
está sendo criada no VTT, não é?
VTT VAI PRODUZIR
COLETESREFRIGERADOS!!!
Um colete refrigerado que a
VTT está desenvolvendo!!!
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