MÚSICA
M
ichael Bublé é um cantor que nun-
ca está plenamente satisfeito com
as suas apresentações, cobrando-
-se constantemente para ter um melhor de-
sempenho. Sem dúvida, ele conseguiu todo
esse sucesso graças a uma contínua perse-
verança no seu aperfeiçoamento!!!
Ele nasceu na cidade canadense de Bur-
naby e decidiu se tornar cantor depois de
ganhar um aparelho de karaokê de presen-
te do avô paterno, Demetrio Santagà, que
o abasteceu com discos de Frank Sinatra
desde a infância. Santagà também tornou-
-se uma espécie de empresário informal do
neto. Ele percorria as casas noturnas da ci-
dade e oferecia seus serviços de eletricista
e encanador, mas em contrapartida, o dono
da boate tinha de escalar o jovem Michael
para as atrações da noite!?!?
Quando finalmente se tornou profissio-
nal, Bublé foi
recusado
por várias gravado-
ras. O que mais ouviu dos gestores dessas
gravadoras foi: “Garoto, você canta bem, é
bonito, mas não sabemos como divulgar o
seu estilo de música.” A sorte mudou em
2000, quando ele cantou no casamento da
filha do primeiro-ministro canadense Jean
Chrétien. Um dos convidados da festa era
o produtor David Foster, que trabalhou com
muita gente importante da música
pop
.
Entretanto, ele também não ficou impres-
sionado com o talento de Bublé. Lembrou
o cantor: “Ele me pediu US$ 500 mil para
produzir cinco músicas, ou seja, foi um jeito
educado de me dizer que não investiria em
mim.Mas juntei a quantia e fui conversar
com ele no seu escritório em Los Angeles.”
Depois de muitas reuniões, finalmente
eles tiveram uma reunião com o presidente
da gravadora Warner. Recordou Bublé: “Ele
me perguntou por que me contrataria, se a
Warner já tinha o catálogo de Sinatra.” Res-
pondi: “Simples. Sinatra está morto e eu
estou vivo.” Ele foi contratado pela Warner...
Mais que um intérprete de
jazz
, Bublé é
um ídolo do
easy listening
, ou seja, um tipo
de musica orquestral criada nos anos 1960,
com arranjos suaves como aqueles elabora-
dos por Ray Conniff e Burt Bacharach. Em
sua versão cantada, o
easy listening
reuniu
intérpretes que fizeram não só incursões
pelo repertório “jazzístico”, mas que abo-
liam as improvisações vocais.
Bublé possui uma outra qualidade notá-
vel: é um
performer
(artista) nato. Ele con-
seguiu aprimorar sua atuação durante as
romarias que fez pelas casas noturnas do
Canadá e dos Estados Unidos da América
(EUA) antes de sua carreira deslanchar, o
que incluiu um aprendizado com músicos
veteranos que o instruíam sobre como re-
tomar a canção após um solo ou brincar
com a plateia. É por isso que hoje ele surge
tão descontraído frente a qualquer tipo de
plateia, brincando e falando com o público
como se aquele fosse o melhor para o qual
já se apresentou na sua vida. Michael Bublé
costuma salientar: “O escritor Malcolm
Gladwell disse que o sucesso é fruto de
mais de 10.000 h de trabalho duro. Já cum-
pri isso e por isso estou aqui com vocês.”
Numa entrevista para Sérgio Martins,
publicada na revista
Veja
(23/7/2014), Mi-
chael Bublé declarou: “Sou um intérprete de
vários estilos, inclusive
jazz
. Sou um cantor
que está aí desde os 16 anos e frustrei to-
dos os que diziam que eu não tinha talento.
Você pode não gostar da música que faço,
mas não dizer que o que faço é ruim. Agrado
até aos maridos que são levados a contra-
gosto aos meus
shows
pelas esposas. Es-
tas são minhas grandes fãs.”
Michael Bublé já se apresentou duas ve-
zes no Brasil, em 2012 e 2014, encantando
os que puderam ouvi-lo em São Paulo e no
Rio de Janeiro, com lotação plena. Desde
a sua estreia em 2003, vendeu até agora
cerca de 60 milhões de discos. Ele diz hu-
mildemente que deve uma parte do seu su-
cesso ao fato de ter casado em 2011 com
a atriz argentina Luisana Loreley Lolipato de
La Torre, que é bastante conhecida em vá-
rios países do mundo e o apoia muito para
que cante cada vez melhor...
KYLE BESLER / SHUTTERSTOCK.COM
O FENÔMENO CANADENSE
MICHAEL BUBLÉ
O talentoso Michael
Bublé, destaque na
categoria de música
easy listening
.
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A