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MODA

F

oram as mulheres da elite paulistana,

que têm condições de pagar muito

por vestidos de marca, que lotaram

as dependências do hotel de luxo Palácio

Tangará, onde ocorreu no dia 27 de agosto

de 2017 a abertura oficial da 44ª

São Paulo

Fashion Week

(

SPFW

).

No local, o público presente pôde ad-

mirar o desfile organizado por Valdemar

Iódice, que acreditou que as mulheres gos-

tariam de roupas com fendas, brilho e mui-

to couro. Para ele os tempos são outros e

a “mulher-gato” curvilínea foi substituída

por outra mais comportada, com pinta de

galerista de arte moderna. A partir daí ele

esbanjou sua estética selvagem, repleta

de franjas, fendas e decotes, contraposta

àquela de silhuetas alongadas e largas.

Aparentemente distantes das passare-

las desde o último protesto por mais mo-

delos negros no

SPFW

, em 2013, os temas

“racismo” e “questionamento sobre apro-

priação cultural” retornaram no último dia

do evento na Bienal do Ibirapuera.

Helô Rocha teve esse cuidado ao traba-

lhar lado a lado com as artesãs de Seridó,

do Estado do Rio Grande do Norte. Aliás,

declarando: “É preciso ter uma preocupa-

ção maior sobre o tema da apropriação,

como foi o caso quando decidi colocar tran-

ças na cabeleira das modelos para simular

as tramas das rendas.”

A cada edição, a

SPFW

define um tema

para ser explorado, normalmente envol-

vendo artes, meios produtivos, contextos

sociais etc., e, nesta edição o mote foi bas-

tante político. Neste sentido, procurou-se

resgatar um pouco da campanha “Amo

Moda, Amo Brasil”, que foi lançada em

2014 com o objetivo de levantar a bandeira

do otimismo.

Dessa vez, marcas com presença em

shoppings

(apesar de algumas delas care-

cerem de criatividade e estarem mais fo-

cadas na cópia de tendências) dividiram o

espaço com estilistas mais autorais, donos

de pequenos negócios. Mas é claro que no-

mes consagrados da moda brasileira, como

Lenny Niemeyer, Gloria Coelho, Ronaldo

Fraga etc., também participaram do even-

to, que, aliás, concentrou a maior parte de

suas apresentações no pavilhão da Bienal

do Ibirapuera.

Foi muito interessante, por exemplo, ob-

servar as referências explícitas que a Osk-

len fez à obra de Tarsila do Amaral (1886-

1973), cujas pinturas orgânicas ilustraram

na passarela a diversidade étnica e cultural

do Brasil. O estudo de Oskar Metsavaht e

Juliana Suassuna da obra da famosa artista

A 44

a

EDIÇÃO DA

SÃO PAULO FASHIONWEEK

Desfile da Osklen.

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