SAÚDE
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A
Cooperativas Médicas – Unimed do Brasil,
dentre as pessoas que apoiam o uso de
prontuários médicos informatizados, 58%
concederiam aos médicos com os quais já
se consultaram acesso total a tais informa-
ções sobre eles. Ou seja, 42% dos pacien-
tes não o fariam. O motivo para que esse
percentual seja tão significativo é a preo-
cupação por parte dessas pessoas com a
sua
privacidade
.
Infelizmente, muitos ainda não perce-
bem que com o registro total do seu histó-
rico de saúde, dos antecedentes familiares,
dos resultados de exames já realizados,
entre outros dados, torna-se possível a
aplicação de uma
medicina centrada no
indivíduo
, com foco na atenção integral.
Além disso, outra questão a se considerar
é que o acesso a esses prontuários pelos
médicos se torna ainda mais urgente dian-
te de situações de emergência, quando os
pacientes muitas vezes chegam ao hospital
inconscientes e/ou desacompanhados de
pessoas que possam descrever o seu histó-
rico clínico para os profissionais da saúde
que terão de prestar o atendimento.
Claro que a prioridade do SUS é atender
bem a população. Isso não é nada fácil em
vista das distintas realidades que existem
em uma nação do tamanho do Brasil, onde
a execução de assistência para a saúde das
pessoas acontece de forma descentraliza-
da. Mas, a despeito das dificuldades para
se alterar esse quadro, ele deve sofrer uma
modificação radical, com o nosso ministé-
rio da Saúde tendo foco em oferecer servi-
ços mais eficientes e de melhor qualidade,
ordenando a instituição de um registro ele-
trônico da saúde nacional!!!
O SUS conta com o trabalho de alguns
milhões de profissionais e seria necessário
que pelo menos alguns milhares deles se
dedicassem totalmente à criação de um
sistema de saúde pública melhor que po-
deria acontecer se for eliminada totalmen-
te a lacuna digital que temos na adminis-
tração de todo o sistema!?!?
Por outro lado, a Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) deveria se de-
bruçar no estabelecimento de uma políti-
ca que permitisse a criação de planos de
saúde mais acessíveis, ou seja, de pacotes
de assistência médica com boa cobertura,
qualidade de atendimento e sem custos
exorbitantes.
Por Eudes de
Freitas Aquino,
ex-presidente da
Unimed do Brasil.
Presidente da
Fundação Unimed.
J
á está na hora de aprendermos com os países
mais desenvolvidos como eles utilizam a tecno-
logia para obter melhores resultados na gestão
da assistência da saúde de seus habitantes – e isso
é
urgente
!
Umexemplo importante vemdoNational Health
Service (NHS), o sistema público de saúde da Ingla-
terra – que, aliás, inspirou a criação do nosso Siste-
ma Único de Saúde (SUS). O órgão de saúde inglês
iniciou o processo de digitalização dos registros
de pacientes em 2002. Com isso, médicos e
pacientes puderam ter acesso a todos os da-
dos por intermédio do portal Healthspace.
Um estudo da Organização para a Coo-
peração e o Desenvolvimento Econômico
(OCDE), publicado em 2010, já defendia
de forma enfática um ambiente infor-
matizado para o sistema de saúde.
Isso, afinal, poderia aumentar a
eficiência no atendimento e, ao
mesmo tempo, garantir maior se-
gurança e qualidade nos serviços
oferecidos aos pacientes.
E, de fato, a implantação do
sistema de prontuários eletrônicos para pacientes
do SUS teve início em 2011, todavia, apesar de o
modelo já estar em uso nos países mais evoluídos,
o processo aqui tem evoluído de maneira bastante
lenta em nosso País. Além disso, embora o objetivo
do SUS seja melhorar a atendimento dos pacientes,
nem todo mundo concorda com essa medida.
De acordo com uma pesquisa Datafolha, enco-
mendada em 2016 pela Confederação Nacional das
PRECISAMOS VENCER O
ATRASO DIGITAL
NA SAÚDE