w
EDITORIAL
Neste âmbito, há um intenso movimento
de pequenas marcas independentes que já
nascem dentro de uma lógica bem susten-
tável. Durante muitos anos, os artesãos fo-
ram explorados pela moda – na produção de
rendas, por exemplo –, mas agora finalmen-
te esses profissionais passaram a ser remu-
nerados com quantias razoavelmente justas.
Vale ressaltar ainda que, no caso da
moda brasileira, a espinha dorsal da EC é o
trabalho feminino
. Sem essa mão de obra
especializada – costureiras, artesãs, ren-
deiras etc. – não existiria nenhum modelo
consistente de produção na moda. Neste
sentido, a opinião da estilista Helô Rocha é
importante: “Claro que as artesãs se sentem
desanimadas com a invasão das máquinas
industriais, uma vez que, mesmo que de
forma mambembe, esses equipamentos
‘reproduzem’ o trabalho artesanal. Por isso,
cabe a nós,
designers
, solidificar uma cultu-
ra de valorização dessas profissionais, que
no final das contas são as que
identificam
a
nossa moda!!!”
E para fechar nossas observações sobre
setores que estão impulsionando a EC no
Brasil, vale ressaltar que o País tem sedia-
do vários eventos musicais que, embora não
se comparem a um
Rock in Rio
em termos
de magnitude, também são movidos pela
inventividade, atraem dezenas de milhares
de espectadores e, pelo menos em caráter
temporário, garantem empregos para cen-
tenas de pessoas.
Assim, é significativo relembrar o que
apontou Bruno Lee em seu artigo
Festivais
independentes de música completam 20
anos de história
(publicado no jornal
Folha
de S.Paulo
em 25/8/2017), quando enfati-
zou: “Felizmente temos diversos festivais
musicais no Brasil que sustentam a bandei-
ra da independência. Com duas décadas de
história, esses eventos ainda se mantêm
relevantes para o público e trazem grandes
nomes para os palcos.
Esse é o caso do
Abril Pro Rock
, por exem-
plo, que acontece em Recife, e chegou à 25ª
edição em 2017. Em Goiânia temos o
Bana-
nada
(em sua 19ª edição) e o
Goiânia Noise
Festival
(23ª edição). Ambos são realizados há
bastante tempo e seus organizadores se orgu-
lham de sua autonomia e independência.
Paulo André Pires, fundador do
Abril Pro
Rock
, ressaltou: “Independência significa ter
autonomia na escolha de quem vai tocar. Já
sofri pressão do governo, de patrocinador e
de políticos, mas jamais escalei uma banda
por causa disso.”
Já Fabrício Nobre, um dos responsáveis
pelo
Bananada
, disse: “Ser independente sig-
nifica saber que, a despeito dos altos e baixos,
é preciso continuar fazendo, independente-
mente das condições e da situação.”
Por sua vez, Leo Razuk, um dos respon-
sáveis pelo
Goiânia Noise Festival
enfatizou:
“As pessoas querem ver e ouvir atrações já
conhecidas que cobram muito. Por isso é
preciso contar com patrocínios e praticar
preços relativamente altos para se poder
pagar as bandas renomadas; também é
preciso dinheiro para montar bons palcos e
oferecer toda a tecnologia necessária para
as apresentações, especialmente de música
eletrônica.”
Em2017, esses três festivais contaram com
patrocínios vindos dos setores público e priva-
do, mas esses aportes só cobriram dois terços
dos custos dos eventos. Assim, foi preciso co-
brir as despesas restantes (e obter algum lu-
cro...) com a venda de ingressos!!!
Finalizando, o que se deve enfatizar é
que nos próximos anos surgirão cada vez
mais negócios dentro da EC, e isso poderá
inclusive permitir a assimilação de mão de
obra ociosa, ou seja, daqueles que perderam
seus empregos nos setores convencionais e
estiverem dispostos a se adaptar e habilitar
para o trabalho nas indústrias criativas!!!
Esse é um festival
que encanta e atrai
muita gente!
4
C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A