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Espera-se que dessa forma a “consulta”

se torne bem mais barata e rápida, uma vez

que será baseada numa tecnologia que já

não é mais embrionária: a inteligência ar-

tificial (IA), alicerçada em

deep learning

(o

chamado “aprendizado profundo” ou “de

máquina”).

Cientistas de diversos países [como de

Alemanha, China, Estados Unidos da Améri-

ca (EUA) etc.] já perceberam que os resulta-

dos dos exames de imagens – como raios-X

e mapeamento de retina – analisados por

máquinas (ou seja, por meio de programas

de computador) já superam em qualidade

aqueles executados por médicos!?!? E isto,

aliás, já está acontecendo com exames de

doenças mais graves, como, por exemplo, os

que analisam o desenvolvimento do câncer

em algumas partes do corpo humano.

Pois é, o uso da IA na medicina será ine-

vitável daqui para frente. Pouco a pouco as

pessoas não terão necessariamente de re-

correr aos médicos, que, por sua vez, pode-

rão perder sua importância enquanto profis-

sionais.

Outro setor no qual haverá uma “

destrui-

ção criativa

” de empregos é na

mobilidade

,

com os carros autônomos. Esses veículos

sem motoristas estão sendo testados de

maneira exaustiva e os resultados têm se re-

velado animadores. Por enquanto, embora

se desloquem e se orientem pelas ruas das

cidades com sistemas de câmeras, radares e

computadores, eles ainda obrigatoriamente

levam dentro si um indivíduo para retomar

a direção e o controle do carro em caso de

emergência.

Os cientistas responsáveis acreditam que

esses veículos serão muito mais seguros no

futuro, pois permitirão que mais de 90% dos

acidentes sejam

evitados

e, com isso, mais

de 1 milhão de mortes por ano deixarão de

acontecer em todo o mundo devido a coli-

sões!!! A razão é simples: os computadores

desses carros respeitam rigorosamente to-

das as regras de trânsito, não dirigem em-

briagados, não dormem no volante, não

usam o celular enquanto dirigem e nunca se

distraem. E são justamente esses compor-

tamentos que provocam a maior parte dos

acidentes.

É fato que no decorrer da transição para

os carros autônomos ainda haverá colisões

entre eles e os veículos dirigidos por moto-

ristas imprudentes, irresponsáveis ou até alcoolizados. Aliás, em

março de 2018 um carro autônomo em teste

atropelou e matou

uma ciclista

(Elaine Herzberg) nos EUA. Porém, as câmeras mos-

traram que essa pessoa praticamente pulou na frente do carro. O

problema na ocasião foi que o veículo simplesmente não reagiu

a tempo, e o motorista de apoio do automóvel estava distraído

naquele momento!?!?

Naturalmente acidentes como esse ainda irão acontecer e, em

alguns casos, os veículos autônomos terão de “tomar decisões”

que eventualmente não serão aceitas como as melhores?!?! Ima-

gine, por exemplo, que um carro autônomo esteja se deslocando

com três pessoas em seu interior por uma estrada estreita e ladea-

da por um barranco e um precipício. De repente, uma pessoa se

atira em frente do automóvel. O computador “percebe” que é im-

possível frear a tempo e reage conforme sua programação interna.

Mas como um carro autônomo deveria estar programado

para reagir num caso desse tipo? Ele deveria atirar o carro no

precipício e salvar o “suicida” desconhecido, provavelmente ma-

tando os três passageiros? Ou atropelar o indivíduo que se ati-

rou (e matá-lo, quem sabe), mas salvar os três passageiros? Uma

análise simples de “custo

versus

benefício” sugere que ele deva

atropelar o “suicida”, pois nesse caso o pior dano seria a morte de

apenas uma pessoa e o salvamento de três vidas.

Porém, se no carro autônomo houvesse apenas uma pessoa,

qual delas o computador deveria salvar, a que estivesse dentro

ou fora do veículo? Decisões como essa já foram tomadas por

milhares de motoristas diariamente – e eles geralmente optam

pela própria sobrevivência!!! O problema é que os cientistas que

programam os computadores têm a obrigação de programar os

veículos autônomos para que eles tomem a melhor decisão.

Mas

qual seria ela?

Na realidade, essa é uma questão moral. Todavia, a resposta

para esse dilema ainda precisará estar programada nos computa-

dores dos carros autônomos. É justamente com indagações dessa

natureza (e ainda mais complicadas) que os cientistas-desenvol-

vedores dos veículos autônomos têm se deparado nos últimos

anos. Afinal, a decisão de quem irá morrer num caso desses será

tomada por um computador que, em última análise, terá sido

programado por um ser humano. Só que esse ser humano tra-

balha para a organização responsável pela própria existência do

carro autônomo!?!?

Apesar desse cenário repleto de desafios, acredita-se que em

não mais de uma década os carros e caminhões serão quase per-

feitos, com o que milhões de motoristas no mundo – caminho-

neiros, choferes particulares, condutores de taxis e os que ope-

ram por aplicativos – irão perder seus empregos.

Mas e

, essas pessoas irão trabalhar no quê?

Simples, elas

terão de adquirir outras habilidades! Nesse caso, minha reco-

mendação é para que elas se preparem e/ou se habilitem para

abrir um negócio ou atuar – seja de forma direta ou indireta – em

um dos 18 setores da EC. É neles que estarão as grandes opor-

tunidades no futuro e que, a despeito de todos os avanços na

tecnologia, a criatividade humana continuará sendo bastante va-

lorizada!!!

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