nas de empresas do setor de tecnologia ins-
taladas aí. E o benefício não veio só para as
empresas e para as pessoas que fornecem
empregados, mas para o bairro todo que
estava muito abandonado, porém tudo isso
mudou com o investimento governamental e
a sua revitalização completa do local.
O segundo
cluster
desenvolvido em Bue-
nos Aires foi um projeto iniciado em 2011 e
que aconteceu de uma forma diferente do
exemplo do Parque Patricios. Em primeiro
lugar, a região de Palermo já era um bairro
nobre da cidade. Em segundo lugar, essa
escolha se deu pois já havia uma grande
produtora audiovisual instalada no lugar, o
que indicava que a região tinha algum talen-
to para receber um
cluster
nesse ramo de
atividade.
Atualmente, são quase 200 empresas
que estão nesse
“distrito audiovisual”,
atuando nas suas diferentes áreas, com o
que se alterou o cotidiano do bairro, inclu-
sive com a presença constante de turistas
que dizem que vão ao “Palermo Hollywood”.
Um risco que se corre nesses projetos
é que um local não tenha certas raízes cul-
turais. Na realidade, é conveniente que um
bairro escolhido para
cluster
tenha certa
identificação com o que vai ser desenvolvi-
do no mesmo. Esse é o caso do distrito das
Artes, no qual, anteriormente, já havia a tradição de grupos e mani-
festações artísticas e culturais. Além de restaurantes com danças
típicas e lojas de artesanato, o bairro que abriga a sede do famoso
clube de futebol Boca Juniors, já contava com alguns museus e
fundações culturais. Atualmente, estão aí estabelecidos cerca de
80 agentes culturais. O projeto mais recente (iniciado em 2013) é
em Barracas, bairro de Buenos Aires, onde se decidiu ter um
clus-
ter
de
design.
Ele conta atualmente com umas 150 empresas que
acreditam que vão arrecadar nos próximos dez anos cerca de US$
150 milhões. A ideia é que ali proliferem empresas de
design
em
diversas áreas, como moda e produção industrial.
Com tudo isso, cerca de 11% da economia de Buenos Aires em
2015 deve vir da EC. Além disso, o desenvolvimento dos distritos
criativos deve também equilibrar o progresso social, econômico e
urbano.”
Não se pode esquecer que o
cluster
precisa incentivar a pre-
sença de boas instituições de ensino superior (IESs), pois são elas
que podem formar os bons profissionais para as empresas que
desejam atuar nos distritos criativos. Ao mesmo tempo, são as
boas faculdades que conseguem mudar a cultura dos futuros em-
preendedores para que entendam os benefícios do modelo da EC.
Atrair as empresas específicas para um único bairro depende
muito de alguns pontos como incentivos e isenções fiscais. Isso
depende da mudança de leis e aprovação diferenciada para esses
projetos. Por isso, o governo deve, em todas as suas esferas, estar
disposto e empenhado a incentivar esse sistema. Não foi por aca-
so que em fevereiro de 2015, Buenos Aires foi escolhida, entre 150
cidades do mundo, como ganhadora do Global Entrepreneurship
Cities Challenge, atribuído pela Fundação Kauffman, por ter promo-
vido uma mudança no seu modelo de desenvolvimento econômico,
através da inovação e do empreendedorismo.
Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, feliz com a conquista
desse prêmio, declarou: “A criatividade e a inovação são os ele-
mentos fundamentais para crescer como sociedade e levar as pes-
soas a grandes realizações. E é por isso que há bastante tempo
estamos trabalhando para fortalecer o enorme talento do capital
humano da nossa gente.”
FOTO: INÉS TANOIRA
SUNSINGER / SHUTTERSTOCK.COM
O prefeito de Buenos
Aires, Maurício Macri.
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