ARTE
N
o dia 12 de fevereiro de 2015, aos
101 anos, faleceu a pintora e escul-
tora Tomie Ohtake, uma das figuras
mais relevantes da arte brasileira nas últi-
mas cinco décadas.
O governador do Estado de São Paulo,
Geraldo Alckmin, ressaltou: “Tomie Ohta-
ke será sempre lembrada por seu talento,
generosidade e pelo exemplo de trabalho
incessante. Japonesa de nascimento, brasi-
leira de alma e paulista de coração, deixou
a sua marca na paisagem e nas artes de
São Paulo”.
No seu artigo
Morre a cor do oriente
(publicado no jornal
O Estado de S. Paulo
em 13/2/2015), Antonio Gonçalves Filho
relatou: “Tomie era uma artista de poucas
palavras, de uma incômoda independência
artística e ideológica num país onde as pes-
soas andam em bando. Até por sua nature-
za introspectiva, sua condição de imigrante
e a pouca fluência no português, Tomie era
reservada. Só entre amigos conseguia ex-
por com relativa liberdade suas ideias e pro-
jetos. Pelos dois futuros arquitetos ela foi
capaz de sacrificar sua vocação até os 39
anos, quando então, já com os filhos cresci-
dos, resolveu se dedicar à pintura.
Criada dentro das tradições japonesas, a
família sempre esteve em primeiro lugar, es-
pecialmente para quem teve um pai rígido,
que a impediu de pintar, e um marido, Ushio,
que não era exatamente liberal.
Nascida Tomie Nakubo, em Kyoto, em 21
de novembro de 1913, Tomie veio visitar um
dos seus quatro irmãos no Brasil, quando ti-
nha 23 anos. Não conseguiu voltar por cau-
sa da guerra sino-japonesa, mas também
porque foi atraída pelo amarelo intenso do
sol que competia com o azul-claro do porto
de Santos. Suas primeiras pinturas, aliás,
tentam captar o contraste cromático entre
arquitetura e natureza tropical.
MORRE
TOMIE OHTAKE
,
A GRANDE DAMA DA ARTE
O ateliê da artista
Tomie Ohtake.
ESTADÃO CONTEÚDO/ TIAGO QUEIROZ
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A