MATEMÁTICA
MODA
A
moda cada vez mais atrevida
ou então incompreensível!
Eis como algumas celebri-
dades apareceram em alguns even-
tos festivos.
Enquanto a cantora Sia deixou
só os braços à mostra (difícil acre-
ditar que é ela, não é?), a sua cole-
ga Solange Knowles fez questão de
mostrar que tem só mãos e cabeça!
Mas quem realmente exagerou
foram a modelo Irina Shayk (ex-na-
morada do melhor jogador de fute-
bol do mundo, o português Cristia-
no Ronaldo) e a cantora Rita Ora.
As duas, para alguns marmanjos,
deixaram pouco para a imaginação,
mas sem dúvida provocaram a es-
perada excitação!
Exagero ou inovação, o que você
acha sobre os caminhos que a
moda – especialmente no meio das
celebridades – está seguindo?
M
uitos “malabarismos estatísticos”
podem ser feitos com a utilização
pouco cuidadosa com a mídia. Ima-
gine, por exemplo, uma empresa que tem
quatro funcionários, cada uma ganhando
R$ 800 por mês, outros três, cada um ga-
nhando R$ 1.000, e o genial chefe com o sa-
lário mensal de R$ 28.000. A média salarial
deles é de R$ 4.275, ou seja, pode-se dizer
que ninguém ganha tão mal nessa empresa,
porém isso não é
verdade
, por termos uma
distribuição de salários muito
assimétrica
!
Tyler Vigen, doutorando em direito na Uni-
versidade de Harvard (EUA), criou um
site (ty-
lervigen.com)
com exemplos engraçados, algo
que os estatísticos já sabem há muito tempo:
correlação
não significa causalidade verda-
deira
, mesmo quando ela é bem elevada.
Os estatísticos têm várias ferramentas à
disposição para analisar correlações. A mais
clássica que eles usam mede só o quanto
duas variáveis
caminham juntas
. Se a corre-
lação é
1
, então isso significa que as correla-
ções se relacionam perfeitamente e se uma
cresce
, a outra faz igual na mesma propor-
ção. Se esse valor é
-1
, então a correlação é
perfeitamente inversa
, e a outra
diminui
na
mesma razão. Por fim, se a correlação é
0
(zero), os dados indicativos das variáveis são
absolutamente independentes
.
E aí vão algumas correlações elevadas,
porém com previsões totalmente bizarras.
Há uma correlação
0,99
entre a redução
no consumo de margarina por pessoa e
a diminuição de divórcios para cada mil
pessoas no Estado do Maine (EUA).
Bem, com essa estatística, não dá
para chegar à conclusão de que se eli-
minássemos o consumo de margarina
acabaríamos com os divórcios, não é?
Quanto
menos
se produz e vende
mel nos mercados, mais jovens são pre-
sos por porte de maconha nos EUA (cor-
relação de
-0,93
).
Isso não significa que se aumentar-
mos a produção e venda de mel, as pessoas que usam maconha
vão abandoná-la e passar a comer muito mais mel, colocando-o nos
waffles
...
Você sabe qual é a correlação entre o número de norte-america-
nos que se afogam (por ano) ao caírem de barco quando pescavam
e a taxa de casamentos em Kentucky (EUA)?
O impressionante valor de
0,95
e, novamente, essa estatística é
bem espúria, não é?
A correlação entre o número de filmes feitos por Nicolas Cage
em um ano e a quantidade de gente que morre em acidentes de
helicóptero nos EUA foi calculada e indicou uma correlação de
-0,82
,
ou seja, quanto menos ele filma mais gente morre de acidente de
helicóptero.
Então a conclusão é fazer com que Nicolas Cage faça o maior nú-
mero de filmes por ano que isso fará com que haja menos acidentes
fatais de helicóptero? Claro que não!!!
Finalmente, essa que também é de doer: quanto mais velha a
Miss América em um determinado ano, mais gente é assassinada
nos EUA, pois a correlação entre esses dados é 0,87!?!?
Cuidado com a estatística e o fascínio por certos números, porcen-
tagens e correlações para que isso não turve o seu senso crítico!!!
JON KOPALOFF, FILMMAGIC
A famosa modelo Irina Shayk.
A excêntrica cantora Sia.
A cantora Solange Knowles.
Rita Ora num evento da
Vanity Fair.
CORRELAÇÕES INCRÍVEIS
PERMITEM
MENTIR COM
A ESTATÍSTICA!
Tyker Vigen, o criador
de correlações espúrias.
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A
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