GASTRONOMIA
N
o dia 12 de fevereiro de 2016, na Cidade
do México, entre 10 competidores que
disputavam o passaporte para a final
mundial da competição gastronômica Bocu-
se D’Or, que ocorrerá em janeiro de 2017 na
França, com a presença de 24 países, a jovem
aprendiz Giovanna Grossi ficou em
primeiro lu-
gar
, na frente do guatemalteco Marcos Saenz
(3
º
lugar) e da uruguaia Jessika Toni (2
º
lugar),
que também irão para a França. O
chef
perua-
no Gastón Acurio, presidente do júri, salientou:
“O primeiro lugar coube a um charmoso traba-
lho da representante do Brasil.”
A alagoana Giovanna Grossi, de 24 anos,
é uma cozinheira bem jovem, sendo a pri-
meira mulher brasileira a participar dessa
competição, algo como uma Copa do Mundo,
pois é o concurso de
maior prestígio no mun-
do
. Essa competição foi criada em 1987 e a
melhor colocação obtida por um brasileiro foi
a do
chef
piauiense Naim dos Santos, que
ficou em 10
º
lugar, e até agora nenhum país
das Américas ganhou lugar no pódio!?!?
A repórter do jornal
O Estado de S. Paulo
(24/2/2016), Ana Paula Boni, que acompa-
nhou o evento, destacou: “A vitória de Gio-
vanna Grossi é uma excelente notícia para
a gastronomia brasileira, sempre às voltas
com dificuldades na formação de seus pro-
fissionais e os obstáculos para o reconheci-
mento institucional desse setor criativo.
De um lado, o mundo da gastronomia no
Brasil se queixa da falta de estímulo do gover-
no (países vizinhos, como o Peru, têm política
governamental de apoio à gastronomia, geran-
do frutos imediatos, como o crescimento do
turismo e a conquista de uma coleção de pre-
miações). Do outro lado, reclama-se muito no
nosso País sobre a
frágil
formação de seus
jovens cozinheiros, mais voltados às estripu-
lias da cozinha tecnoemocional da vanguarda
espanhola do que ao rigor técnico e algo con-
tido das bases da cozinha francesa. Isso sem
falar na busca da fama, que leva iniciantes a
buscar uma ascensão imediata ao posto de
chef
, em contraste com a vagarosa escalada
na rígida hierarquia da cozinha.
A prova que deu o pódio a
Giovanna Grossi durou 5h35
min, quando ela e o seu assis-
tente, o cumim Nicholas Santos,
de 21 anos, prepararam um pra-
to com peixe e um com carne,
dez porções cada um. A apre-
sentação cronometrada incluía
do
mise-en-place
(pré-preparo),
com três acompanhamentos e
a decoração cheia de gotas de
molho e brotos. O que eles fize-
ram pareceu um balé, ensaiado
várias vezes com o rigor neces-
sário para um grande concer-
to!!!”
Giovanna Grossi, junto com
Nicholas Santos, treinaram qua-
se três meses sob as ordens do
chef
francês Laurent Suaudeau,
radicado no Brasil desde 1979,
que é um guardião da cozinha
francesa e representante do Bo-
cuse D’Or no Brasil.
Giovanna é uma cozinheira
que combina disciplina e técni-
ca com incrível disposição de
treinar de maneira árdua e repetitiva, o que
foi vital para conquistar o ouro na competi-
ção da Cidade do México. E agora vai treinar
muito para ter um lugar de destaque na final.
O
chef
Laurent Suaudeau, que chefiou a
delegação brasileira após a conquista de
Giovanna Grossi, aproveitou para lamentar
a falta de apoio governamental: “Apesar de
existirem órgãos de promoção da imagem do
País, como Agência Brasileira de promoção de
Exportações e Investimentos, a Apex, não tive-
mos qualquer apoio deles. Tem país que parte
do princípio que se um cidadão foi seleciona-
do para um encontro internacional, no qual
vai representar a nação, ele
merece algum
apoio
!!! É o caso do Japão, dos Estados Uni-
dos da América (EUA), do Chile e do Peru. Eles
têm um conselho com produtores, empresas
do setor alimentício para trabalhar pela expor-
tação de seus produtos e sua imagem.”
GIOVANNA GROSSI
FOI A
VENCEDORA DA FINAL LATINO-
AMERICANA DO
BOCUSE D’OR
JF DIÓRIO|ESTADÃO
Giovanna Grossi foi
a primeira mulher
a vencer o
Bocuse
D’Or
Brasil e agora
venceu a etapa
latino-americana do
concurso e vai para
a final na França...
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C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A