Table of Contents Table of Contents
Previous Page  5 / 50 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 5 / 50 Next Page
Page Background

5

S E T E M B R O / O U T U B R O 2 0 1 6

ARTES CÊNICAS

HAMILTON:

ONOVO GRANDE

SUCESSO DA BROADWAY!!!

JOAN MARCUS

Uma cena do musical

Hamilton.

N

ada indicava, a princípio, que o mu-

sical de

hip-hop

[movimento cultural

da juventude pobre de algumas das

grandes cidades norte-americanas que se

manifestou em formas artísticas variadas

(dança,

rap

, grafites etc.)] sobre um dos

pais fundadores dos Estados Unidos da

América (EUA), Alexander Hamilton (1755

– 1804) fosse ser um sucesso estrondoso.

No entanto, desde que estreou, em julho

de 2015, a criação de Lin-Manuel Miranda

tornou-se um dos espetáculos mais concor-

ridos da Broadway, em Nova York. Em junho

de 2016, o musical conquistou 11 Tony

Awards, o Oscar da dramaturgia norte-ame-

ricana. A primeira-dama Michelle Obama,

maravilhada, ressaltou: “É a melhor obra de

arte que eu já vi na vida.” Muitos até acre-

ditam que foi graças ao sucesso do musical

que o Tesouro dos EUA resolveu manter Ale-

xander Hamilton na cédula de dez dólares!!!

Hamilton

mostra que, apesar de as pes-

soas raramente verem na Broadway uma

indústria bilionária como Hollywood, os

musicais de maior bilheteria às vezes fatu-

ram mais que as películas exibidas na tela

grande e depois na TV e em outros meios.

Nunca um filme embolsou US$ 1 bilhão nas

salas de cinema apenas nos EUA e Cana-

dá; entretanto, três musicais –

O Fantasma

da Ópera, O Rei Leão e Wicked

– superaram

essa marca nos teatros da Broadway, ain-

da que em temporadas que se estenderam

por muitos anos... E a Broadway deixa Holly-

wood na poeira quando são computadas as

montagens transplantadas para os palcos

de outras cidades do mundo. Por exemplo,

O Fantasma da Ópera

, de Andrew Lloyd Web-

ber, estreou no West End londrino em 1986,

antes de se transferir para Nova York e,

posteriormente, cair na estrada. A produção

rendeu US$ 6 bilhões em todo o mundo,

mais que o dobro do faturamento mundial

de

Avatar

, recorde de bilheteria da indústria

cinematográfica.”

Tudo indica que

Hamilton

tem condição

de entrar nesse clube dos musicais que

geraram rendas bilionárias, pois 12 meses

após a estreia já rendeu cerca de US$ 90

milhões, com uma bilheteria semanal média de US$ 1,7 milhão.

Assim, o musical tem tudo para romper a barreira do US$ 1 bilhão

em pouco mais de dez anos!!!

À primeira vista, é um pouco difícil compreender como o teatro

consegue competir com as economias de escala do cinema. Os fil-

mes podem rapidamente ser vistos por um contingente muito maior

de pessoas, pois as grandes salas de teatro da Broadway compor-

tam menos de 2 mil espectadores por noite e em muitas outras

cidades grandes como Londres, Berlim, Sydney, São Paulo, Rio de

Janeiro, elas são menores ainda.

No entanto, como sempre acontece em se tratando de um pro-

duto escasso, os preços dos ingressos ao teatro são salgados, não

sendo incomum as pessoas pagarem US$ 100 por duas horas de

entretenimento na Broadway, ou cerca de cinco vezes o valor de um

ingresso de cinema. E os espetáculos de maior sucesso ficam por

muito tempo e até agora uma semana de apresentação de

O

Fan-

tasma da Ópera

, em Nova York, ainda rende mais de US$ 1 milhão.

O que não se pode esquecer é que o teatro é um

negócio arris-

cado

. Na Broadway, por exemplo,

apenas uma em cada cinco produ-

ções dá lucro

(!!!), e os musicais, embora geralmente sejam muito

mais lucrativos que as peças tradicionais, têm sorte quando conse-

guem ficar

seis meses

em cartaz. Dessa forma, até produções de

sucesso se veem obrigadas a encerrar a temporada quando, após

algumas semanas ruins, o dinheiro fica curto. Isso faz com que

investir na Broadway seja uma loteria.

E o que os interessados em financiar novos espetáculos, impul-

sionadores da economia criativa, podem aprender com os maiores

sucessos e fracassos da Broadway?

Existem hoje informações bastante detalhadas para que se pos-

sa ter alguns ensinamentos e tirar certas conclusões. Desde 1984,

a Broadway League, uma associação que reúne os proprietários de

5