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ARTES VISUAIS

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C R I ÁT I C A

T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A

T

rês décadas atrás, o magnata chinês

Chen Dongsheng ficou muito admirado

ao ver na tela de uma televisão a des-

crição dos negócios das principais casas

de leilão europeias, especialmente quando

uma das pinturas de Vincent van Gogh,

Gi-

rassóis

, foi vendida em Londres, em 1987,

por US$ 39,9 milhões. Essa fusão entre

arte e riqueza impressionou muito Chen

Dongsheng.

Desde aquela data até agora, a China

progrediu muito e o mesmo ocorreu com

Chen Dongsheng, sendo que o país também

começou a despontar muito no mundo das

artes. E aí, finalmente, ocorreu a realização

de um desejo de Chen Dongsheng, ou seja,

a seguradora Taikangda qual ele é o presi-

dente, revelou, em agosto de 2016, que se

tornou a principal acionista da famosa casa

de leilão inglesa Sotheby’s, conquistando

13,5% do seu capital acionário após diver-

sas compras, sendo isso mais uma indica-

ção óbvia da

globalização

.

O fato é que há um bom tempo que Chen

Dongsheng é um dos maiores protagonistas

do mercado de belas artes e antiguidades

da China, inclusive a principal acionista da

Taikang é a China Guardian Auctions, uma

casa de leilões que Chen ajudou a fundar em 1993. Chen Dong-

sheng é casado com Kong Dongmei, neta do lendário líder comunis-

ta chinês Mao Tsé-tung, o que obviamente lhe abriu muitas portas

para os seus negócios tanto na China como no exterior.

A Sotheby’s tem operações próprias na China, com escritórios

em Pequim e Xangai, além de outro em Hong Kong, onde concorre

com a Guardian e outras casas de leilão.

Meg Maggio, diretora da Pékin Fine Arts, que tem galerias em Pe-

quim e Hong Kong, disse: “Raciocinaram errado os que pensam que

Dongsheng e sua equipe são recém-chegados com dinheiro, mas sem

conhecimento do mundo das artes. Ao contrário, eles são veteranos

das artes, bem sofisticados e conhecedores. Não se pode esquecer

que quando Chen Dongsheng deixou o cargo de editor de uma revista

estatal e mergulhou no mundo dos leilões no começo da década de

1990 com uma filmadora emprestada, ele visitou a Sotheby’s em Hong

Kong e, furtivamente, filmou todos os seus procedimentos.”

Nas suas memórias, Chen Dongsheng explicou: “Fiquei com

medo de que dissessem alguma coisa e filmei de forma dissimula-

da, com as pernas e as mãos tremendo”. O fato é que de volta a

Pequim, ele e seus colegas estudaram o vídeo e copiaram até as

plaquetas de ofertar lances!!!

Bem, agora, Sotheby’s na China e a China Guardian Auctions

têm fortes motivos para se apoiarem, inclusive quando a sua eco-

nomia perdeu um pouco o ritmo, do mesmo modo que a venda de

obras de arte se retraiu, uma vez que as obras chinesas contempo-

râneas caíram 41% em 2015 na comparação com 2014. Uma das

mudanças em curso é a tendência dos colecionadores chineses em

comprar arte no exterior à medida que seu gosto se refina. Este é

um padrão que já aconteceu com outros países, entre eles o Japão.

Recorde-se que no fim de 2015, o chinês Liu Yiqian, um ex-taxista

que virou um bilionário colecionador de arte, comprou um nu femini-

no de Modigliani por US$ 170 milhões na Christie’s em Nova York.

A Art Basel, uma feira de arte contemporânea, tem conseguido

atrair muitos colecionadores de arte chineses no seu evento anual

em Hong Kong. Tudo indica que gosto dos endinheirados chine-

ses está mudando em função das viagens internacionais, melhor

educação e experiências de trabalho ligadas especificamente com

empresas ocidentais.

Sem dúvida, essa compra de uma parte do capital acionário da

Sotheby’s por parte da Taikang tem tudo a ver com o desejo do seu

presidente de recriar a aristocracia cultural chinesa.

Será que isso

vai ocorrer?

SOTHEBY’S TEM

UM

CHINÊS

COMO

ACIONISTA PRINCIPAL!!!

ZEISTERRE

O magnata chinês

Chen Dongsheng.

A fachada da casa de leilões Sotheby's em Londres.