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J A N E I R O / F E V E R E I R O 2 0 1 7
Ele concebeu a 32ª mos-
tra, com a ajuda de uma
equipe de cocuradores for-
mada pela brasileira Júlia
Rebouças, a sul-africana
Gabi Ngcobo, o dinamar-
quês Lars Bang Larsen e a
mexicana Sofia Olascoaga.
Lamentou Jochen Volz:
“Começamos a trabalhar
nesse projeto em 2014, ano
em que vimos muitas publi-
cações sobre o fim do mun-
do como o conhecemos;
seja por mudanças climáticas, biológicas,
ecológicas ou por uma migração extrema-
mente forte, uma violência nova, uma xe-
nofobia de outra ordem, desconhecida.
O evento que, no passado teve uma
grande importância como vitrine para mos-
trar o que havia de mais novo na arte con-
temporânea mundial, serve mais agora como
uma
‘plataforma de experimentação’
.
Em termos concretos, sua ambição se
traduziu num esforço surpreendente de
realização, com um número incrível de
trabalhos comissionados para a exposição
(cerca de 70%).
Foi esse um desejo de todos os cura-
dores, pois todos eles gostam de trabalhar
muito próximos dos artistas.
Mas outro aspecto que comprova a ex-
perimentação é a predominância, entre os
convidados, de criadores nascidos nas dé-
cadas de 1970 e 1980, se bem que não se
pode esquecer a promessa de alguns retor-
nos notáveis, como o escultor Frans Krajc-
berg, de 95 anos, que curio-
samente foi o responsável
pela montagem de 1ª Bienal
de São Paulo, em 1951.”
As articulistas Camila
Molina e Maria Hirszman
fizeram uma matéria es-
petacular sobre a Bienal,
publicada no
Caderno 2
do
jornal
O Estado de S. Paulo
(6/9/2016) quando destaca-
ram que cada obra produzi-
da e selecionada para a 32ª
Bienal contava uma história,
debruça-se sobre uma realidade ou cons-
truindo uma utopia particular.
Os caminhos adotados, em termos de
linguagem e de aspecto da vida e da socie-
dade enfatizada, são multifacetados.
Destruição ambiental, resgate da espi-
ritualidade, construção de narrativas, mili-
tância política, dominação colonial, guerra
e imigração, encantamento dos sentidos
estão entre as investigações.
Entre elas convém salientar as que se
constituíram em fios condutores!!!
1
ª)
Narrativas
– A busca por novas formas
de narrar capazes de gerar sentidos alter-
nativos entre os homens e o mundo que os
cerca, se fez fortemente presente em prati-
camente todos os trabalhos da 32ª Bienal.
Ficou nítido neles o esforço de reunir e
criar sentido entre os elementos – mate-
riais ou simbólicos – para propor novas for-
mas de descrever e organizar a realidade.
Um exemplo disso está em
Everything
and More
, uma videoinstalação em que a
norte-americana Rachel Rose lida com as
memórias visuais de um astronauta em seu
retorno à Terra após um ano no espaço.
2
ª)
Espiritualidade
– Escutar as árvores,
redescobrir a sabedoria milenar conti-
da em plantas, em livros escritos há milê-
nios, fazer música com o vento ou lidar com
substâncias de forte conotação simbólica,
foram os destaques da 32ª Bienal.
Várias obras enfatizaram esses resgates
– e ressignificações – de formas de orga-
nização negadas pela lógica dogmática da
modernidade.
Um exemplo disso foi a obra da finlan-
desa Pia Lindman que criou uma casa de
Fotograma de
A Minute
Ago [Um minuto atrás]
,
2014. Rachel Rose.
Jochen Volz, o curador da
32
a
Bienal.