34 / 42
SOFTWARE
P
arece até um contrassenso, mas depois
de muitos anos fazendo as pessoas pas-
sarem cada vez mais tempo conectadas,
a indústria da tecnologia quer que sua legião
de usuários se
desconecte
!!!
Pelo menos é isso que os novos controles
e aplicativos para
smartphone
anunciados por
gigantes como Google e Apple estão se pro-
pondo a fazer. Dentro dessa nova “estratégia”,
ambas empresas decidiram apostar no “
bem-
-estar digital
” dos seres humanos.
Em sua conferência global para desenvol-
vedores (ocorrida no início de maio de 2018),
Google anunciou que a nova versão do
An-
droid
já trazia embutida uma série de recursos
que visava desestimular o uso excessivo dos
smartphones
. A Apple, por sua vez, revelou a
disponibilização de um aplicativo que irá de-
talhar quanto tempo o usuário gasta com o
iPhone
ou
iPad
, e poderá inclusive
bloquear
seu uso
, caso necessário!?!?
Bem semelhantes entre si, esses recursos
permitirão ao indivíduo monitorar o tempo
gasto, definir limites e bloquear notificações.
Vale lembrar que, em janeiro de 2018, o Face-
book já havia reformulado seu algoritmo para
que a plataforma mostrasse mais conteúdos
de família e amigos, diminuindo assim o tem-
po que as pessoas passavam na rede!?!?
Naturalmente esse movimento no sentido
de reduzir o tempo de uso da tecnologia é po-
sitivo, uma vez que já são muitos os relatos de
pessoas que se tornaram tão
viciadas
no uso
de
smartphones
e
iPads
quanto os dependen-
tes de drogas!!! Especialistas explicam que, no
caso das redes sociais, ao postar uma mensa-
gem um indivíduo se sente automaticamente
gratificado, o que gera uma sensação de pra-
zer e faz com que o cérebro libere dopamina.
Todavia, essa tendência de valorização do
bem-estar digital não surgiu por acaso. De
fato, foi somente depois do escândalo do uso
ilícito dos dados de 87 milhões de usuários do
Facebook, quando as gigantes de tecnologia
realmente entraram na mira de governos e
órgãos reguladores, que essas medidas foram
tomadas. O objetivo delas agora é tentar re-
construir sua reputação, melhorar a própria
imagem e demonstrar responsabilidade social.
Se essa estratégia der certo, quem sabe
essas empresas consigam se safar da ameaça
de terem de seguir regras mais rígidas, acatar
novas regulamentações pelo mundo e, inclusi-
ve, encarar multas e sérias punições caso não
o façam.
É claro que apenas fornecer ao usuário in-
formações sobre o excesso no uso do celular
não será o suficiente para que ele ou ela “deixe
o aparelho de lado”, pelo menos um pouco. É
claro que isso exigirá muita força de vontade
por parte de cada proprietário. De qualquer
maneira, é difícil acreditar que empresas que
lucram justamente por manter as pessoas
on-
-line
estejam dispostas a convencê-las de que
precisam reduzir esse contato, inclusive ofere-
cendo-lhes aplicativos para mensurar sua utili-
zação e para alertá-las de que
o uso excessivo
não leva ao bem-estar
!!!
INCRÍVEL, MAS APPLE E GOOGLE RECOMENDAMA
REDUÇÃO DO TEMPO GASTO
ON-LINE
34
C R I ÁT I C A
T U D O S O B R E E C O N O M I A C R I A T I V A